Especialistas dizem que Internet tem impacto nas eleições

As mais diversas informações sobre candidatos estão atualmente disponíveis a qualquer cidadão na Internet. No Brasil, a rede mundial de computadores apenas começa a mostrar suas possibilidades, mas, a médio prazo, o impacto pode ser grande, avaliam esp







 


Em seu trabalho como blogueiro, espécie de colunista online, Dória mapeia o mundo virtual indicando novos sites e ferramentas de acesso a informação. O impacto da Internet na política, segundo ele, tende a ser maior na medida em que mais pessoas têm acesso à tecnologia.

 

“A Coréia do Sul, país com a maior densidade de gente com banda larga do mundo, tem um partido político que se formou na internet e hoje comanda o governo. No Brasil, conforme o tempo avança, o impacto tende a ser maior e, como na Coréia, isso vai mudar o jeito de fazer política”, diz ele.


 


Esta semana, entraram no ar os bancos de dados do projeto Excelências, da ONG Transparência Brasil. Quase 500 políticos que concorrem em outubro à Câmara, seja à reeleição, ou após ocupar outro cargo público, têm seu passado exposto aos internautas. A Radiobrás também disponibiliza desde quarta-feira um levantamento sobre candidatos inelegíveis, em função de problemas em prestações de contas. O trabalho foi totalmente feito a partir de bancos de dados públicos, já disponíveis na Internet.


 


“A Internet é um meio de acesso à informação muito importante, não só para ver programas de governo ou saber quem está envolvido com escândalos, mas também como ferramenta de cobrança”, afirma a vice-coordenadora geral do Movimento Voto Consciente, Rosangela Torrezon.

 

Ela conta que uma campanha realizada na cidade de São Paulo levou à aprovação de uma lei que obriga a publicação mensal, pela Internet, da execução orçamentária do maior município brasileiro. “Isso é muito simples, muito fácil de fazer, e os mais de 5.600 municípios brasileiros deveriam ter sites com ações do Executivo e do Legislativo”, propõe.

 

Rosangela destaca que, hoje, já se pode acompanhar, pela Internet, os projetos em votação no Congresso e os trabalhos das comissões na Câmara e no Senado, por exemplo. “Também existem blogs e muitas iniciativas pessoais interessantes. Embora o acesso à Internet ainda seja restrito à classe média, as ONGs podem acessar essas informações e repassar à sociedade civil”, destaca.

 

Pedro Doria, que participou das primeiras iniciativas de introdução da Internet no Brasil, lembra que apenas 10% dos brasileiros (menos de 20 milhões de pessoas) têm acesso à Internet. Além do ainda restrito alcance, nem todos sabem utilizar a ferramenta da qual dispõem.

 

“Os mais velhos ainda têm um certo conservadorismo, acessam a rede de forma capenga, e a garotada não tem maturidade para assimilar certos conceitos”, comenta. “Quando esta geração estiver votando, daqui a 10 ou 15 anos, o impacto da Internet será maior.”

 

Ele acredita que os blogueiros podem fazer o papel multiplicador, distribuindo informações que capturam na rede. “Um blogueiro ou alguém que tenha curiosidade de pesquisar nesses arquivos pode reproduzir dados sobre um candidato de sua cidade, por exemplo. Basta recortar, colar e distribuir por e-mail. É nesse comportamento viral que a Internet pode ter impacto”, aponta.



 

Fonte: Agência Brasil