Socorro Gomes elogia escolha da Amazônia para Campanha da Fraternidade

A cidade de Belém vai sediar a abertura da campanha da Fraternidade 2007 e a Amazônia será o tema do próximo ano. O anúncio, feito na semana passada pelo presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Odílio Scherer, durante missa

A parlamentar considerou as notícias “uma feliz coincidência”, que permite uma discussão da situação atual na região amazônica, denunciando “a campanha 'Fora Greenpeace' que empresários e agricultores da soja desencadearam em Santarém e as ameaças de morte e perseguições sofridas pelos padres Edilberto Sena e José Boing, da Diocese de Santarém, lideres principais do movimento em defesa de um modelo de desenvolvimento sustentável e justo socialmente para a região”.


 


Segundo Socorro Gomes, “os fatos levaram inclusive os bispos da regional norte, da CNBB, liderados por Dom Orani Tempesta, Arcebispo de Belém, a encaminhar uma carta ao Procurador Geral da República, denunciando as ameaças sofridas pelos dois religiosos e reafirmando o compromisso da Igreja com um modelo de desenvolvimento sustentável, responsável e com inclusão social na região”.


 


Outro fato relatado pela pela parlamentar comunista foi a decisão anunciada pela indústria de óleos, de decretar, por dois anos, moratória para a compra de soja produzida na região. Segundo ela, “os fatos relatados e a campanha da Fraternidade 2007 guardam relação e darão a todos nós a oportunidade de refletir sobre o que queremos para Amazônia”.


 


A parlamentar comunista alertou, em seu discurso, para os riscos de “se adotar o mesmo modelo de desenvolvimento agrícola que, ao mesmo tempo em que transformou o nosso vizinho Mato Grosso em campeão nacional na produtividade de soja, o fez, também, o estado que mais desmata e que destrói o meio ambiente na região”.


 


Socorro Gomes elogiou a decisão da CNBB, “não apenas pela escolha da cidade de Belém para o lançamento da campanha, o que é inédito, e o tema escolhido, mas especialmente pelo fato de a decisão da CNBB ocorrer num momento em que dois fatos recentes marcaram o debate sobre a Amazônia e o modelo de desenvolvimento que mais se adequa aos interesses de sua população”.


 


Tema importante


 


Ao justificar a decisão da CNBB, Dom Odilo Scherer disse em recente entrevista à imprensa do Pará que a Amazônia passou a ser um tema importante na cúpula da Igreja Católica do Brasil, por ser uma região de muitas disputas, com novos desafios, de tensões sociais, mudanças culturais, econômicas e haver muitos interesses em jogo.


 


A Campanha vai provocar, já agora, a partir de novembro, inúmeros debates sobre questões ecológicas e sociais da Amazônia, como conflitos agrários, exploração do trabalho infantil, mão-de-obra escrava.


 


Problemas que, como disse Dom, Scherer, precisam ser vistos e revistos, porque depois da Campanha as organizações locais vão ter ajuda e respaldo para combater essas ações criminosas e, conseqüentemente, quebrar o ciclo da impunidade”.


 


O Arcebispo de Belém, Dom Orani João Tempesta, informou que há uns três ou quatro anos a Amazônia era apresentada como tema, mas a proposta era vencida por conta da necessidade de outros assuntos. Com a criação da Comissão Especial para a Amazônia, pela CNBB, e o amadurecimento da Igreja sobre o assunto, a Amazônia ganhou na votação do ano passado, sendo eleita na reunião do Conselho Permanente, ocorrida em Brasília.


 


De Brasília
Márcia Xavier