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Conselho de Ética pede cassação de Josias Gomes

Por 10 votos a 1, o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados votou o pedido de cassação do deputado Josias Gomes (PT-BA), nesta terça-feira (4). A única a se manifestar contra o texto do relator, deputado Antonio Carlos Mendes Thame (PSDB-SP), foi a depu

Por 10 votos a 1, o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados votou o pedido de cassação do deputado Josias Gomes (PT-BA), nesta terça-feira (4). A única a se manifestar contra o texto do relator, deputado Antonio Carlos Mendes Thame (PSDB-SP), que recomenda a perda do mandato, foi a deputada Neyde Aparecida (PT-GO), que apresentou voto em separado contra a cassação.

Josias Gomes foi citado no relatório parcial das comissões parlamentares mistas de inquérito (CPMIs) dos Correios e da Compra de Votos como beneficiário de recursos do caixa dois do PT, repassados pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza. Ele confirma ter recebido, por recomendação do ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, R$100 mil para pagar despesas de campanha do partido na Bahia, mas nega ter tido conhecimento de que o dinheiro era de fonte ilícita.

A decisão final sobre o processo cabe ao Plenário, que pode seguir ou não a recomendação do Conselho de Ética. Gomes acredita na possibilidade de ser absolvido e disse que não pretende recorrer da decisão do conselho na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). "Espero ser absolvido, como todas as pessoas que involuntariamente foram induzidas ao erro", afirmou.

O deputado voltou a argumentar que uma prova de que não estava cometendo nenhum ato ilícito é o fato de ter deixado uma cópia de sua carteira parlamentar no banco. Em seu depoimento no conselho, Josias Gomes disse que recebeu os R$100 mil em duas parcelas de R$50 mil: a primeira na sede nacional do PT em Brasília e a segunda na agência do Banco Rural do Brasília Shopping.

"Eu confiava plenamente em que estava recebendo recursos legais, do caixa do partido", disse, ao confirmar que recebeu R$ 100 mil para pagar despesas de campanha do PT baiano, em 2002.

O deputado disse ainda que, antes das denúncias pela imprensa, nunca ouvira falar do suposto "mensalão". Ele ressaltou que toda sua carreira política e vida pessoal sempre foram pautadas pela "ética e retidão".

Gesto partidário

Gomes afirmou que seu gesto foi partidário e que não conhece o empresário Marcos Valério, apontado como operador do esquema do "mensalão".

Para a deputada Neyde Aparecida, não foi demonstrado ato incompatível com o decoro parlamentar. A deputada diz que não há provas de que Josias Gomes tivesse conhecimento do caráter ilícito dos recursos. Ela argumenta ainda que Josias não precisava prestar contas dos recursos recebidos. "O representado não era o responsável pelo Diretório Nacional do seu Partido (doador), tampouco o candidato (receptor)", destacou.

Segundo lembrou Mendes Thame, Josias Gomes reconheceu que, como presidente estadual do PT na Bahia, intermediou a distribuição dos R$100 mil para companheiros de partido pagarem dívidas de campanha. No entanto, destacou Thame, essa intermediação foi feita na "informalidade absoluta" e, assim, no "total desrespeito" à legislação. "Não dá para ignorar que foram infringidas normas legais no recebimento de dinheiro para beneficiar políticos da Bahia", afirmou.

Com Agência Câmara