Tramas de suspense trocam Guerra Fria por terrorismo

Desde o fim da Guerra Fria, escritores de livros de suspense vinham procurando um assunto substituto para sustentar suas tramas. O romancista Frederick Forsyth acredita que eles encontraram o novo tema no terrorismo global. Em seu mais novo livro, The

Autor de clássicos do suspense político como O Dia do Chacal e O Dossiê Odessa, Forsyth vê muitas semelhanças no conflito entre a União Soviética e o Ocidente e o fenômeno do extremismo islâmico. “Uma grande diferença, claro, é o fato de que o adversário (americano) na Guerra Fria era um país”, observou o escritor, de sua casa, nos arredores de Londres. “Tirando isso, temos o conceito de guerra não-declarada transformando-se numa guerra de inteligência, com operações de forças especiais, ações clandestinas, assassinatos dissimulados e interrogatórios secretos.”


 


A história de The Afghan, que será lançado nos Estados Unidos em 22 de agosto, acontece no futuro próximo, o que aumenta a sensação de urgência. O escritor mistura sua trama de ficção com fatos reais, como os atentados suicidas de 7 de julho de 2005 em Londres e a guerra de guerrilha dos anos 1980 contra as tropas soviéticas no Afeganistão.


 


O escritor fez uma pesquisa meticulosa para seu novo romance, conversando com agentes de inteligência britânicos que explicaram a ele que é virtualmente impossível para um agente disfarçado se infiltrar na al Qaida. “Disseram-me que não é possível fazer isso”, contou. “Então eu disse: 'Nós (os britânicos) temos algum agente que pode se fazer passar como árabe entre os árabes?' A resposta foi, 'Sim, nós temos três”'.


 


Ponto de partida simples
Na opinião de Forsyth, o terrorismo funciona para o suspense como “a nova Guerra Fria”, uma vez que há “corpos em vielas, pessoas se infiltrando em grupos terroristas, membros de grupos terroristas mudando de lado”, entre outros aspectos.  Assim como em outros trabalhos, ele diz que o enredo surgiu de uma questão simples: “E se a al Qaida fosse fazer outro mega-atentado, o que seria?”. Sua própria imaginação e os agentes de inteligência disseram a ele que um ataque poderia envolver um navio transportando uma carga perigosa.


 


“Eu perguntei por aí e todos disseram reservadamente que estamos preparados para que algo aconteça a partir do mar. Então entrei no tema do terrorismo marítimo e é absolutamente assustador”, disse. “Se você pegar um navio de 10 mil toneladas, seqüestrá-los, matar a tripulação, pintá-lo, ninguém dará muita falta dele. Os aviões precisam pousar em algum lugar e o tempo que têm para ficar no ar é limitado a digamos, 12 horas. Navios podem ficar no mar por meses”.


 


De acordo com Forsyth, alguns escritores de suspense têm evitado tratar do terrorismo internacional, temendo que suas previsões se provem incorretas. Ele encontrou uma solução simples para contornar o problema. “Se você descreve algo, como eu fiz, e isso não acontece, você pode dizer que isso ainda não aconteceu”.