Saddam Hussein afirma que foi conduzido à força ao tribunal

O presidente iraquiano Saddam Hussein, deposto pela invasão anglo-americana de seu país em março de 2003, disse nesta quarta-feira (26/7) que foi levado contra sua vontade do hospital onde estava, após ter passado mais de duas semanas em greve de fome,

“Sua excelência, presidente do tribunal, eu fui trazido aqui à força”, disse Hussein. Ele havia sido levado à força ao hospital no domingo, por causa de sua greve de fome, iniciada no dia 7 de julho em protesto contra o assassinato de três advogados que participavam do grupo de defesa de Hussein.


Via intravenosa


O pretenso julgamento do presidente deposto foi reiniciado segunda-feira (24/7), sem a presença do acusado, que foi hospitalizado no domingo para ser alimentado à força por via intravenosa e com alimentos líquidos, segundo informações de uma fonte penitenciária americana.


“Os americanos insistiram que eu viesse contra a minha vontade. Não é justo”, declarou. Sua equipe de defesa tem feito protestos contra a falta de segurança a que ficaram expostos, após as tropas ocupantes relaxarem as medidas de segurança adotadas para protegê-los de eventuais ataques. A equipe tem evitado comparecer às audiências do tribunal instalado pelas forças de ocupação até que a segurança seja satisfatória.


O presidente deposto e sete membros de seu governo foram levados ao tribunal para responder à acusação de que teriam cometido crimes contra a humanidade durante seu governo. No entanto, o tribunal instalado, por razões óbvias, não julgará os autores dos massacres de Haditha. Em novembro do ano passado, marines americanos massacraram 24 pessoas na cidade de Haditha, na porção ocidental do país.


Sem resposta


Recentemente, o Iraque pediu à ONU que acabasse com a imunidade dos soldados americanos às leis locais, depois do indiciamento de cinco soldados americanos por estupro e assassinato. A ONU ainda não se pronunciou a respeito.


A imunidade foi concedida às forças de ocupação um dia antes dos americanos “devolverem a soberania” do país a um governo iraquiano. A medida permanece em vigor e foi confirmada por uma resolução emitida pelo Conselho de Segurança.