Itamaraty vai retirar 1.300 brasileiros do Oriente Médio

É nessa cidade que funciona o núcleo de apoio aos brasileiros que procuram fugir da agressão israelense ao Líbano. Nesta sexta-feira, conforme programado, três ônibus saíram da frente do prédio do consulado brasileiro em Beirute.

Durante o trajeto até a fronteira norte, os veículos serão escoltados pela força militar libanesa. Em Tel-Aviv, a embaixada brasileira comunicou às autoridades israelenses os planos de retirada. Entre hoje e domingo, ônibus fretados pela embaixada em Damasco terão como missão entrar em território libanês no Vale do Bekaa, resgatar cerca de 1.000 brasileiros que se encontram lá isolados, voltar para a Síria e partir rumo à Turquia.

Esse será o caminho dos veículos que a partir de sábado vão transportar 200 brasileiros que já estão em Damasco. Ontem à noite, diplomatas brasileiros na região corriam contra o relógio para acertar os detalhes finais do plano. Desde domingo, 200 brasileiros já foram transportados para a Turquia e de lá 89 – 4 deles libaneses naturalizados – voltarão para o Brasil a bordo do Boeing 707 da FAB, o anterior avião presidencial.

Prioridade é de sem-passagens

Desde o início dos combates, sete brasileiros morreram no Líbano. Calcula-se que 200 mil brasileiros vivam no país, 90 mil apenas no Vale do Bekaa, onde os ataques são mais fortes.

Ainda de acordo com a chancelaria brasileira, terão prioridade de embarque no vôo da FAB, aqueles que não possuem bilhetes para retorno ao Brasil. Aqueles que já tenham passagens contarão com o auxílio do Escritório de Apoio Consular do Itamaraty em Adana para remarcação dos bilhetes junto às respectivas companhias aéreas.

Um segundo avião da FAB partirá para Adana no sábado, dia 22, para buscar, preferencialmente, aqueles que não possuem passagens aéreas. Um terceiro vôo da FAB deverá apanhar brasileiros na terça-feira.

O embaixador brasileiro em Ancara, na Turquia, Cesário Melantônio, afirmou que o governo turco tem oferecido todo o apoio necessário para que os brasileiros deixem o Líbano.

Navios como alternativas

Melantônio explicou que ainda não há uma decisão quanto ao uso de navios para evacuar brasileiros do Líbano, mas que o governo estuda alternativas, a fim de acelerar a retirada dos cidadãos brasileiros que queiram deixar o Líbano.

Na última quarta-feira, o chanceler Celso Amorim conversou por telefone com o Secretário-Geral das Nações Unidas, Kofi Annan, e, na quinta, com a Secretária de Estado dos Estados Unidos, Condoleezza Rice, para tratar da crise no Líbano e da situação dos cidadãos brasileiros naquele país.

Segundo o Itamaraty, Amorim expressou a importância de um cessar-fogo imediato e salientou o caráter desproporcional da reação militar de Israel.

Também solicitou a colaboração de ambos para assegurar, junto às autoridades israelenses, contenção em ações militares, de forma a diminuir o risco de que brasileiros sejam atingidos.