Mais 40 libaneses são assassinados por israelenses

Novos ataques das forças de agressão israelenses contra o Líbano assassinaram pelo menos 40 civis nesta quarta-feira. Moradores atingidos disseram que um ataque aéreo matou pelo menos 20 pessoas na cidade de Srifa, região sul. A polícia libanesa disse tam

A Resistência Islâmica, grupo armado do Hezbollah, vem contra-atacando os ataques lançando foguetes sobre cidades israelenses, incluindo Haifa, a terceira maior. Nesta quarta-feira, ao menos seis novos ataques foram feitos. A desproporcional agressão israelense já deixa um saldo de pelo menos 270 mortos, a maioria deles civis, enquanto são 25 os israelenses mortos, 13 deles civis. Para o Exército israelense, os ataques ao Líbano são “restritos”. A reação israelense à captura pelo Hezbollah de dois de seus soldados já dura oito dias, com o governo de Ehud Olmert prometendo fazer “voltar o relógio do Líbano em 20 anos”, numa referência à invasão israelense no país que foi de 1982 a 2000, quando foram expulsos pelo próprio Hezbollah.


Israelenses foram às ruas


Seis dias após o início do confronto entre Israel e o grupo xiita libanês Hezbollah, a mídia israelense começou a mudar a linguagem. As hostilidades, até agora qualificadas como a “Operação Militar no Norte”, passaram a ser chamadas abertamente de “guerra”.


A nova guerra no Líbano tem, naturalmente, o apoio da maioria da população israelense. A mídia do país apenas retransmite a posição do governo de que se trata de “um ato de legítima defesa depois que o Hezbollah atacou o territorio soberano de Israel”, no entanto, começam a surgir vozes dissonantes na mídia.


No portal Ynet, o jornalista Amnon Levy dirige uma série de perguntas ao governo do país, em especial ao primeiro-ministro Ehud Olmert, ao ministro da Defesa Amir Peretz e à ministra do Exterior Tzipi Livni.


“Para onde vocês estão nos conduzindo? Por que vocês se negaram a considerar a proposta de cessar-fogo do primeiro-ministro libanês? Quais são os objetivos?”, pergunta Levy.


“Os bombardeios de áreas civis em Beirute, a morte de civis, vão levar muitas pessoas no Libano, as mais moderadas, a aderir ao círculo de ódio contra Israel… peço a vocês que contem até dez antes de apertar o gatilho e que procurem uma maneira de alcançar um acordo diplomático com o governo libanês”, acrescenta Levy.


Manifestação em Tel Aviv


Pacifistas e organizações não governamentais também questionam a guerra. No domingo, mil pessoas participaram da primeira manifestação contra a agressão, que ocorreu no centro de Tel Aviv. Os manifestantes portavam cartazes com os dizeres: “Basta de loucura militar”, “Não existe solução militar”, “Parem os canhões e salvem os civis”, “É melhor libertar prisioneiros do que escavar sepulturas”.


Um dos participantes da manifestação era Uri Avnery, de 82 anos, líder do grupo pacifista Gush Shalom. Em entrevista publicada no site BBC Brasil, Avnery afirmou que os objetivos que o governo israelense afirma querer alcançar com esta guerra são impossíveis e apoiou um cessar-fogo imediato.


“Esta guerra é ruim para Israel, para o Líbano e para as chances de paz na região”, disse Avnery. “Os ataques ao Hezbollah vão fortalecê-lo ainda mais.”


“O Hezbollah tem raízes profundas no Líbano, representa os xiitas, que são 40% da população. É impossível quebrar este movimento por meios militares, quanto mais violentos forem os ataques, mais popular o Hisbollah vai ser”, afirmou o pacifista.


“Com os ataques no Líbano, Israel está agindo contra seus próprios interesses e fortalecendo o eixo Hezbollah-Irã- Siria. Vale lembrar que este eixo também pode vir a incluir o Iraque, onde a maioria da população é xiita.”


Na opinião de Avnery, Israel deve aceitar a proposta de cessar-fogo do primeiro-ministro libanês, Fouad Siniora, e iniciar negociações sobre o posicionamento de uma força internacional na fronteira entre Israel e o Libano.


Em artigo no jornal Haaretz, o analista Gideon Levy, também questionou a guerra no Libano. “A guerra que declaramos contra o Líbano ja está cobrando de nós, e obviamente do Libano, um preço alto. Será que alguém pensou se este preço vale a pena? Todos sabem como esta guerra começou, mas alguém sabe como vai terminar? Com duras perdas? Uma guerra com a Síria? Uma guerra geral na região? Será que tudo isso vale a pena?”, questionou o analista.