Pesquisa: geração de emprego e combate à pobreza ajudam Lula

Além de permanecer à frente na corrida eleitoral para a Presidência, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda tem o controle da agenda de temas da campanha. Segundo pesquisa com mil entrevistas feita por telefone pelo Instituto Ipespe, do sociólogo pe

Lula foi considerado o candidato mais identificado com a geração de empregos por 33% dos entrevistados, ante 29% obtidos por Geraldo Alckmin (PSDB) e 7% por Heloísa Helena (P-SOL). No combate à pobreza, 40% identificam Lula com o tema, ante 24% conseguidos por Alckmin e 9% por Heloisa Helena.



“Partindo da premissa de que a economia dará a tônica da campanha, a vantagem de Lula em relação ao tema da geração de empregos é pequena, e, caso prevaleça no discurso da campanha, dá margens para Alckmin crescer. Se Lula conseguir imprimir a marca do combate à pobreza, leva no primeiro turno. Se Alckmin tiver sucesso em colocar a redução de impostos no centro do debate, suas chances aumentam muito”, disse Antonio Lavareda.



O candidato tucano apresenta vantagem sobre Lula em relação a dois temas: redução de impostos e promoção do desenvolvimento. Foram temas citados como prioritários respectivamente por 29% e 6% dos entrevistados. Lula empata com Alckmin na identificação com a bandeira de redução dos juros e o supera, por três pontos percentuais, na associação com o combate à inflação. “Este é um resultado que surpreende, explicável pelo desempenho macroeconômico do governo superior ao registrado no segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso”, disse Lavareda.
A pesquisa do Ipespe, por ter sido feita por telefone, é representativa do universo dos eleitores com acesso à rede telefônica em casa. O percentual dos pesquisados com vencimentos acima de 5 salários mínimos, por exemplo, é de 24%, ao passo que nas pesquisas abertas este total gira em torno de 15%. Apesar disso, os resultados de intenção de voto e avaliação de governo são muito similares às sondagens com metodologia diferente.



Na pesquisa estimulada, Lula consegue 42% das intenções de voto, Alckmin fica com 27%, Heloisa Helena com 7% Cristovam Buarque (PDT) e Rui Costa Pimenta (PCO) empatados com com 1%. Na espontânea, que identifica voto consolidado, Lula consegue 31%, Alckmin 13% e Heloisa Helena , 2%. Estes resultados dariam a vitória a Lula no primeiro turno por seis pontos percentuais de diferença. Entre os eleitores com renda abaixo de 2 salários mínimos, Lula fica com 48%, Alckmin com 21% e Heloisa Helena com 6%. Na faixa acima de 5 mínimos, Lula perde dezessete pontos, Alckmin ganha dezesseis e Heloisa Helena quatro.



Na simulação de segundo turno, Lula ganharia com 45% e Alckmin obteria 39%, mostrando a maior capacidade do tucano de agregar os 9% de votos de Heloisa Helena, Cristovam e Costa Pimenta. Para a opção “Nenhum dos dois” iriam 9% dos pesquisados.



A baixa disposição de se anular o voto ou votar em branco é sentida mesmo em relação à eleição proporcional. Dos pesquisados, somente 11% afirmam que pretendem votar branco ou nulo para deputado federal. A opção por reeleger os atuais deputados foi escolhida por 7% dos pesquisados, enquanto 18% dizem que procurarão nomes novos para votar e 59% se declaram indecisos. “Se acrescentarmos os indecisos, o percentual que rejeita os candidatos no segundo turno e que não sabe em quem votar é de 16%, muito menor do que os números registrados em 2002. Este é um sinal de que o eleitorado está gostando da polarização entre o PT e PSDB”, disse.



A avaliação do governo Lula foi o item que distoa das outras pesquisas. O governo Lula é avaliado como bom e ótimo por 35% dos pesquisados, sendo que este percentual eleva-se até 39% na faixa da população que ganha até 2 salários mínimos e cai para 31% na faixa acima de cinco salários mínimos. A avaliação ruim/péssima é a escolha de 19% dos entrevistados, sendo 29% na faixa mais rica e 15% na mais pobre. Na recente pesquisa CNT/Sensus, Lula teve 41% de bom e ótimo. “Este resultado talvez se deva a forma diferente da condução do questionário nas duas pesquisas”, disse o sociólogo.



A pesquisa do Ipespe procurou captar ainda o potencial de voto dos quatro candidatos pelos maiores partidos. O grau de conhecimento de Lula chegou à unanimidade: nenhum entrevistado afirmou que nunca ouviu falar dele. Lula é considerado “bem conhecido” por 57% dos entrevistados. Já Alckmin ainda pode ser apresentado a 6% dos eleitores que afirmam não terem qualquer informação sobre seu nome. Somente 23% dos pesquisados afirmam conhecê-lo bem. “Para mim este é o item mais importante da pesquisa. Há indícios sólidos para considerar que a força eleitoral de Lula em grande parte está no grau de conhecimento dele”, disse Lavareda.



A senadora Heloisa Helena é bem conhecida por 13% dos sondados, enquanto o senador Cristovam Buarque ainda é um anônimo para 51% dos entrevistados. Somente 4% dizem conhecê-lo bem.



Fonte: Valor Online