Após Paris, espetáculo 'Brasil Brasileiro' estréia em Madri

Cinqüenta artistas – entre cantores, bailarinos e músicos – estrearam em Madri, nesta quinta-feira (13/07), 'Brasil Brasileiro'. O enredo traça um percurso pela história da música popular brasileira (MPB). Após Madri, o espetáculo – que já passou

Sob direção do coreógrafo argentino Claudio Segovia, o Brasil é representado especialmente pelo samba cantado por figuras de primeira-grandeza, como Elza Soares, Jair Rodrigues e Alaíde Costa. A equipe de dança conta com um grupo de 50 dançarinos de salão, mulatas, capoeiristas e crianças, que improvisaram para criar as coreografias apresentadas.


 


O espetáculo será apresentado até o próximo dia 16, no Matadouro de Madri, dentro do projeto 'Veranos de la Villa'. Claudio Segovia disse que 'a apresentação conta a história da música através das canções mais importantes da tradição brasileira'. O tema é 'a cultura urbana, e não o folclore brasileiro', explicou.


 


Segundo ele, 'o método de trabalho foi o improviso'. O autor e diretor acrescenta que 'o elenco dançava como se estivesse em uma festa de família, com uma grande margem para a espontaneidade e imaginação'.


 


Os casais de dançarinos tiveram liberdade para criar em cima das coreografias, que foram apenas coordenados por Segovia. O diretor  afirmou que o projeto foi construído em um processo conjunto com os próprios artistas.


 


A escolha de Elza Soares, Jair Rodrigues e Alaíde Costa para o elenco se deve, de acordo com o autor, 'à genialidade, autenticidade e paixão' que esses cantores demonstraram pela música. O repertório inclui canções de Villa-Lobos, Antônio Carlos Jobim e Chico Buarque, entre outros.


 


'Se um artista não me emociona, nunca vou pensar em contratá-lo', afirmou o diretor argentino, ao explicar que os artistas que compõem o espetáculo estão em 'via de extinção' – e pertencem à 'época de ouro' da música brasileira.


 


Além do grupo de artistas, o espetáculo também apresenta o varredor Renato Lourenço, mais conhecido como 'Gari Sorriso', que ficou famoso pelos 'espetáculos' de samba nos intervalos dos desfiles na Sapucaí.


 


'Renato é um dos maiores sambistas do Brasil atualmente, e aprendeu a dançar sozinho. Me interessa muito ver como essas pessoas têm se desenvolvido, mesmo sem ter tido a possibilidade de estudo', afirmou Segovia.


 


O diretor argentino defendeu as mulatas que participam do seu espetáculo, afirmando que elas muitas vezes 'são tratadas como mero objeto sexual', razão pela qual tenta 'tratá-las com delicadeza, e pôr em evidência o enorme talento que possuem'.


 


Claudio Segovia ressaltou a singularidade da cultura brasileira e considerou que, no Brasil, 'há um verdadeiro cultivo da arte popular'. Ele afirmou que o público 'sabe cantar todas as canções do espetáculo', pois as incorpora 'como parte de suas vida'.


 


O diretor afirmou que a arte brasileira não está sozinha no atual fenômeno de valorização da música. De acordo com o autor argentino,  toda a América Latina atravessa um 'momento de grande efervescência', em que 'os jovens começaram a se interessar pelas suas raízes'.