Montadoras querem barreiras contra carro chinês

As montadoras instaladas no Brasil já temem a eventual importação de carros chineses nos próximos anos e, por isso, o setor privado nacional resiste a um corte de tarifas de importação nas negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Segundo a Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotivos (Anfavea), A China já produz 6 milhões de carros por ano, 600% mais que em 2002. A previsão é que em breve comece a exportar. O setor automotivo é uma das peças chaves nas negociações em que o Brasil está envolvido, seja na OMC seja com a União Européia. Em ambos, o Brasil é pressionado a reduzir as tarifas de importação para o setor, que chega a 35%, a mais alta do País.


Segundo a representante da Anfavea nas negociações em Genebra, Elisabeth de Carvalhaes, a entidade não teria problemas para aceitar o aumento da importação de carros europeus, até porque muitas montadoras do país são de origem européia. “Mas essa abertura não pode ser generalizada a todos os países e por isso resistimos a um corte nas negociações na OMC”, disse ela.


Temor



O principal temor é mesmo a China. Com o aumento de renda da população chinesa, o número de carros vendidos vem explodindo. Para especialistas, não demorará para que os chineses exportem veículos por preços competitivos. Como as decisões na OMC deverão valer por pelo menos dez anos, o que os fabricantes brasileiros não querem, portanto, é estarem desprotegidos de tarifas quando esse comércio da China prosperar.


Em 2005, o Brasil exportou US$ 18 bilhões em veículos, tratores e máquinas agrícolas e importou US$ 8,8 bilhões. Para este ano, o aumento das vendas de carros deve ser de 7% a 8%. Mesmo assim, com 30% de excesso de capacidade de produção instalada no País, o setor deve entrar na lista dos produtos considerados sensíveis nas negociações da OMC.


Investimentos



Pelas regras da OMC, os países podem designar áreas em que querem manter certa proteção. Mas também devem comprometer-se a dar certa abertura em nichos de setores sensíveis. No setor automotivo, nem todas as classes de veículos poderiam preservar as tarifas altas. Nas próximas semanas, o governo vai concluir sua lista de bens sensíveis para apresentar na OMC. Os países têm até o fim do mês para chegar a um acordo preliminar sobre cortes de tarifas para produtos agrícolas e industriais. Isso permitiria que a OMC concluísse um acordo até o fim do ano, prazo máximo para encerramento da Rodada Doha.


Além das importações, o Brasil também enfrenta a China na disputa por investimentos europeus. Nessa terça-feira, após quatro dias de encontros entre empresários brasileiros e alemães, os executivos nacionais chegaram à conclusão de que a Alemanha destina uma atenção bem maior aos chineses que ao Brasil, realidade que se consolidou nos últimos anos. Segundo Ingo Plöger, chefe da comissão Brasil-Alemanha, os alemães investem de US$ 800 milhões a US$ 1 bilhão por ano no Brasil.


 


Com agências