Embaixadora define livro sobre Palestina como pedido de socorro

O livro "Palestina, a construção do muro", lançado nesta terça-feira (11), na Câmara dos Deputados, é, para a embaixadora da Palestina no Brasil, Mayada Pante, um pedido de socorro: "Não

O presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), disse, pela voz do deputado Geraldo Resende (PPS-MS), que o representou na solenidade, que "ao trazer a verdade sobre importantes fatos desse povo, mais especificamente sobre as conseqüências da construção de um muro no território ocupado da Palestina, o livro produz e põe em mãos dos pesquisadores, políticos e juristas uma documentação preciosa, para que os que exercem a função de gerenciar os destinos da humanidade façam do conhecimento desses fatos um instrumento que permita destilar o passado, construir a memória e projetar os destinos do povo palestino".

Dois pesos e duas medidas

A embaixadora da Palestina, Mayada Pante, falando em bom português, agradeceu a Câmara dos Deputados, parlamentares e diplomadas árabes, pela realização do evento, "que chama atenção para as resoluções da Organização das Nações Unidas (ONU), que usa dois pesos e duas medidas em suas resoluções e pareceres".

Ela criticou a comunidade internacional, "que tem sido conivente com o Muro da Vergonha", afirmou, acrescentado que "o que a mídia divulga não corresponde a realidade". Ela também ressaltou os protestos que são realizados pelos palestinos na região, com apoio de ativistas dos direitos humanos.

O livro reúne as resoluções da ONU e da Corte Internacional de Justiça no período entre 2003 e 2004 sobre o muro que Israel está construindo no território Palestino ocupado e "aborda os aspectos legais e políticos de um conflito que integra a pauta das Nações Unidas há quase seis décadas", diz, na apresentação do livro o chefe da Delegação Especial da Palestina no Brasil entre 1995 e 2005, Musa Amer Odeh.

O embaixador da Síria, Ali Diab, falou em árabe, mas se fez entender, por meio do tradutor, ressaltando que a construção do muro "é um tapa no rosto de qualquer pessoa que acredita na paz", porque representa "morte, sequestro e destruição".

"Abuso inadmissível"

O deputado Jamil Murad, identificado como um dos maiores defensores da causa palestina, diz que "o muro não divide palestinos de israelenses, divide palestinos de palestinos". Ele classifica como "abuso inadmissível" a construção do muro, com a autoridade de quem conhece a situação nas diversas vezes em que visitou a região em missões oficiais. Ele diz que o muro separa o produtor de suas plantações, mulheres grávidas impedidas de chegar ao hospital".

O parlamentar apresenta uma série de razões que comprovam o objetivo do muro de "afugentar palestinos e anexar suas terras". Ele destaca que "o muro sequestra terras palestinas, inviabiliza unidade territorial, sequestra reservas subterrâneas de água e destrói árvores de oliveira, base da economia palestina".

"Além de promover a separação e segregação, o muro vai levar os palestinos ao desespero, à pobreza e a imigração", diz, citando autoridades palestinas. E lembrou a decisão da ONU, que declarou que a edificação do muro por Israel é contrário ao direito internacional. Israel tem obrigação de por fim as suas violações dos direitos internacionais e cessar imediatamente os trabalhos de edificação do muro".

A Comissão Internacional de Justiça da ONU, lembra Jamil, diz que "Israel tem obrigação de reparar os danos causados pela construção do muro nos territórios palestinos ocupados" e chama atenção para Assembléia-Geral da ONU, para necessidade de "se envidar esforços com vistas a alcançar tão breve quanto possível, com base no direito internacional, uma solução negociada para os problemas pendentes e o estabelecimento de estado palestino co-existindo ao lado de Israel, com paz e segurança para todos na região".

Apoio do Brasil

Jamil também falou sobre a posição do Brasil, que condenou publicamente a construção do muro em território palestino, em outubro de 2003, e solicitou a Corte Internacional de Justiça, parecer consultivo sobre as consequências legais da construção do muro. E destacou, como os demais oradores, a luta do povo palestino, classificado como "um povo heróico, que não admite violação dos seus direitos".

De Brasília

Márcia Xavier