Governo espanhol anuncia início de diálogo com ETA
A favor da maioria dos habitantes do país, na qual 60% dos habitantes defendem o diálogo com os separatistas, o primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodrigues Zapatero, anunciou nesta quinta-feira o início do processo de negociações
Publicado 29/06/2006 16:04
Zapatero, porém, ressalva que "as questões políticas só podem ser resolvidas com os representantes legitimos do povo." No comunicado lido ante os deputados Zapatero disse que o diálogo será “longo, duro e difícil”.
O líder do governo espanhol lembrou que é a primeira vez em quase 40 anos de luta armada no país que o ETA paralisa todas as suas ações. Por isso chamou o processo de paz de “oportunidade democrática única”. O ETA, que declarou cessar-fogo no dia 23 de março, surgiu nos anos 60 como um movimento estudantil de oposição à ditadura fascista de Francisco Franco.
“A paz só será forte se tiver raízes sociais profundas. As regras são respeito à pluralidade e à democracia, unidade e lealdade”, disse Zapatero. O primeiro-ministro pediu “prudência e discrição” para o diálogo, referindo-se também aos veículos de comunicação, para que evitem especulações sobre as negociações.
O comunicado teve ainda muitas alusões às vítimas do ETA: 817 mortos e 84 seqüestrados desde 1959. “Meu máximo respeito para as vítimas e seus familiares. Merecem toda a honra, dignidade e compreensão.”
“A democracia não vai pagar preço algum pela paz. O governo respeitará a lei de partidos; as questões políticas só se resolvem com forças políticas eleitas democraticamente”, disse ele.
Quanto à reivindicação histórica do ETA, de independência do País Basco, citada pela última vez no mais recente comunicado da organização, Zapatero também respondeu, observando que qualquer plebiscito sobre a separação de qualquer parte da Espanha é anticonstitucional.
“Os cidadãos bascos têm mais autonomia do que jamais tiveram. Eles escolheram democraticamente aprovando a constituição de 78, inclusive o estatuto de Guernica (legislação do estado basco)”.
O parlamento espanhol será fechado hoje para férias e o governo anunciou que em setembro haverá outro comunicado aos partidos sobre o andamento do diálogo de paz.