Alkatiri: “A arma da Fretilin é a inteligência”

 O ex-primeiro-ministro de Timor-Leste, Mari Alkatiri, refutou nesta quarta-feira (28) a sua participação na criação de milícias para eliminar adversários políticos, declarando que o seu partido, a Fretilin, não pre

Os militantes e simpatizantes do partido no poder pretendiam entrar na capital para manifestar o seu apoio a Alkatiri e à Fretilin e exigir a anulação da demissão do primeiro-ministro. Foram desaconselhados pela liderança do partido, preocupada com a possibilidade de confrontos com os opositores ao Governo.

Mari Alkatiri foi notificado ontem pelo Ministério Público para ser ouvido no âmbito de um processo de averiguações resultante das denúncias de que a Fretilin terá formado "esquadrões da morte" para eliminar adversários políticos.

"Railos" e a ingerência australiana

As acusações foram feitas por Vicente da Conceição "Railos", veterano da resistência contra a ocupação indonésia. “Railos” tem o apoio das tropas australianas que se acham em Timor Leste, em uma operação apontada como interferência nos assuntos internos do país, vinculada às reservas de petróleo na plataforma submarina timorense.

Na sua intervenção, feita em Hera, 12 quilómetros a leste de Díli, Alkatiri disse estar disposto a preparar o partido para as eleições legislativas, previstas para o primeiro trimestre de 2007, e reafirmou que a Fretilin "respeita a democracia".

"Sim, a Fretilin respeita a democracia. Respeita a soberania. Por isso não queremos a demissão de ninguém", afirmou, numa referência aos manifestantes que, desde quinta-feira, estão concentrados em Díli para exigir o seu afastamento e a convocação de eleições antecipadas.

Alkatiri anunciou ontem a sua demissão, mesmo contra o parecer da Fretilin, depois de o presidente da República, Xanana Gusmão, ter ameaçado abandonar o cargo se o primeiro-ministro não deixasse a chefia do Governo.

Hoje, após uma reunião do Conselho de Estado, a Presidência da República anunciou que Xanana Gusmão vai iniciar de imediato diligências para a formação de um novo Governo no âmbito do actual quadro parlamentar.

A Fretilin detém a maioria no Parlamento, com 55 dos 88 deputados, pelo que a declaração presidencial significa que, nos termos da Constituição, Xanana Gusmão vai solicitar àquele partido que indique o nome do novo primeiro-ministro.

Contudo, o Presidente "considerará a possibilidade de dissolver o Parlamento e antecipar eleições gerais", lê-se no comunicado emitido no final do encontro.

Fonte: agência Lusa