Metalúrgicos reagem a “pacotão de maldades” da Volks

Comunicado divulgado pela montadora fala na “necessidade de discussão e implantação imediata das ações” para “melhorar a produtividade das operações e reduzir custos fixos da Volkswa

Diante do comunicado oficial distribuído pela Volkswagen do Brasil no último dia 20 — de que fará demissões em suas fábricas no país —, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC subiu o tom de voz. Seus líderes já falam em resistência, luta e greve, apesar da base, em São Bernardo do Campo, ter um acordo com a empresa que lhe garante estabilidade até novembro.

“Se houver demissões em Curitiba e Taubaté, temos de ser solidários”, afirma José Lopez Feijóo, presidente do sindicato, sobre duas plantas da Volks ameaçadas pelas demissões. O comunicado divulgado pela montadora fala na “necessidade de discussão e implantação imediata das ações” para “melhorar a produtividade das operações e reduzir custos fixos da Volkswagen do Brasil". Seriam realizadas pelo menos 5.773 demissões nos próximos dois anos, sendo 3.672 na planta Anchieta, em São Bernardo.

Para discutir o tema, foram agendadas cinco reuniões entre o sindicato e a direção da empresa. A primeira delas ocorreu nesta quinta-feira (22/06). Antes do encontro, Feijóo não se mostrava muito otimista. “O espaço para acordo parece ser praticamente nenhum. Se a Volks insistir no ataque aos direitos dos trabalhadores, os sindicatos não vão aceitar isso”, disse. “Não é proposta para se fazer um acordo, mas proposta de rendição, e nós não nos renderemos jamais”.

O presidente dos Metalúrgicos do ABC contesta “teses” divulgadas na mídia de que a Volks precisa reduzir seu quadro de pessoal porque ainda não teria feito isso nos últimos anos. Segundo ele, a empresa chegou a “ter 40 mil empregados na planta Anchieta e hoje tem 12 mil”. Proporcionalmente, esse corte teria sido maior que o de outras montadoras, como a Ford, que “tinha 10 mil postos e hoje tem 4.000”.

Feijóo diz ainda que a economia continua aquecida e a indústria automobilística brasileira deve crescer pelo menos 7% neste ano — o quarto seguido de expansão. “Essas demissões não têm nada a ver com problemas no setor, mas é um processo de ajuste mundial para a empresa aumentar seus lucros a custa dos direitos dos trabalhadores”, critica o sindicalista, que promete lutar até o fim contra o “pacotão de maldades da Volks”.