Morre a pintora naïf e comunista Aparecida Azedo
A artista naïf Aparecida R. Azedo morreu nesta terça-feira (20/06), aos 77 anos, vítima de uma parada cardíaca. Ela convalescia de uma cirurgia na coluna e estava internada no Hospital São Lucas, no Rio de Janeiro. Nome d
Publicado 20/06/2006 21:38
“Eu lia muito Marx também. O marxismo está superado em algumas coisas. Porém, a essência continua a mesma, e as pessoas se baseiam nela. Mas a gente também vai mudando, forçosamente mudando”, complementou Aparecida.
O jornalista e historiador Ivan Alves Filho, autor da biografia Aparecida Azedo — A Pintura como Conto de Fadas, escreveu que a “trajetória humana” da pintora “é das mais densas e singulares que conhecemos”. Ainda segundo o autor, “sua arte — feita de cores vibrantes e linhas sensuais — é a materialização da sua própria vitalidade, da sua fertilidade. Ela prova que Aparecida atingiu o objetivo que, no fundo, deveria ser aquele de todos nós: a auto-expressão criadora”.
A vida e o trabalho da pintora também foram levados para o cinema, com o documentário Aparecida Azedo — Uma Vida em 24 Quadros. Dirigido e produzido por Zelito Viana, o filme foi lançado no final de 2005, no Museu Internacional de Arte Naïf do Brasil (Mian), no Rio de Janeiro.
Trajetória
Aparecida Azevedo nasceu na pequena cidade de Brodowski, que também é terra natal do pintor Cândido Portinari. No começo da carreira, a artista usava tinta de parede. Seu primeiro quadro — contou ela mesma — tinha “uma casa, um coqueiro, uma pessoa subindo no coqueiro. A tela foi um pedaço de madeira e usei tinta a óleo de pintar móvel. Quem quer pintar não precisa de materiais de primeira linha, pinta com o que quiser”.
Na apresentação de seu livro, Ivan Alves Filho enfatiza que Aparecida foi “bóia-fria aos dez anos de idade, operária de fábrica aos 13, comunista desde os 16, enfrentando clandestinidades e inúmeras prisões, mãe de seis filhos, artista plástica autodidata reconhecida internacionalmente”.
Um de seus trabalhos mais interessantes e célebres é o mural Brasil, 500 anos, instalado no Mian. De 24 metros de largura por um metro e meio de altura, a obra se propõe a contar a História do país.
Da Redação, André Cintra