PCP ressalta unidade de forças populares peruanas

Leia a seguir o documento da Comissão Política do Partido Comunista Peruano (PCP) em que apresenta um balanço eleitoral e avalia as perspectivas para a esquerda no país. Para o partido, agora é preciso "for

1 – A apertada vitória de Alan García no segundo turno, com 52,5% de votos válidos contra 47,4% de Ollanta Humala, configurou um novo mapa político nacional. Ollanta Humala triunfou em 15 regiões do Peru, em algumas com o triplo da votação que obteve o Apra; enquanto que Alan García pode ganhar o candidato nacionalista com a votação de Lima e Callao, que no primeiro turno votaram mojoritariamente pela direita. A aliança UPP-PNP colocou 45 congressistas, 36 o Apra, 17 da Unidade Nacional, 13 o fujimorismo, 5 a Frende de Centro, 2 do Peru Possível e 2 congressistas da Restauração Nacional.

 

2 – Depois do triunfo do Apra – com a ajuda da direita – resulta relevante a votação obtida no segundo turno pelo candidato Ollanta Humala, que enfrentou uma campanha de demolição e terror ideológico dirigido a semear o medo entre os eleitores, orquestrada pelo Apra na aliança com as forças mais reacionárias da direita política e empresarial, o governo de Toledo, a máfia fujimontesinista; o imperialismo e a maioria dos meios de comunicação. O candidato da UPP manteve com firmeza as propostas programáticas que expôs no primeiro turno, em consequência mereceu o respaldo da ampla maioria do povo, a esquerda e os trabalhadores, alcançando mais de seis milhões de votos.

 

3 – O triunfo de Alan García demonstra que os grupos do poder econômico fecham fileiras quando vêem em perigo seus interesses e privilégios e não se melindram para votar "tampando o nariz"; atrás ficaram suas críticas ao nefasto primeiro governo de García, as violações dos direitos humanos, os crimes de lesa humanidade e os comprovados atos de corrupção do Apra. A aliança das forças conservadoras e corruptas revela um pacto de impunidade entre o novo governo, a máfia Fujimori-Montesinos e o governo de Toledo para "passar a borracha e começar de novo".

 

4 – Os resultados deste processo nos mostra condições favoráveis para avançar na construção de poder popular para as grandes maiorias do país. A direita neoliberal sofreu uma contundente derrota política eleitoral que agudizou sua divisão e finalmente impôs uma nova agenda política e social centrada na necessidade de mudanças substanciais que o governo aprista está obrigado a cumprir. A partir dessa perspectiva rechaçamos a "trégua" pleiteada pela direita; nosso Partido e a esquerda deve continuar por uma nova Constituição, a não assinatura do TLC, a renegociação dos contratos com as transnacionais, a reforma tributária, a luta contra a pobreza, a corrupção e a impunidade, entre outras demandas emanadas do voto popular e das lutas do movimento social.

 

5 – No cenário internacional, o Apra alinhado com a social-democracia de direita, converte Alan García no melhor aliado do imperialismo norte-americano para o domínio geopolítico da região. O Apra abonará a estratégia norte-americana de dominação neocolonial que impulsiona com a Alca e os TLC's frente aos processos de integração latino-americano que representam a Comunidade Andina de Nações (CAN), o Mercado Comum do Sul (Mercosul) e a Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba); nesse sentido a vitória de García e a recente reeleição de Uribe na Colômbia reforça o eixo pró norte-americano para confrontar a revolução Bolivariana na Venezuela liderada por Hugo Chávez e o processo transformador de Evo Morales na Bolívia, assim como o avançdo das forças políticas e sociais contrárias ao neoliberalismo.

 

6 – Para a esquerda e o movimento popular, a unidade continua sendo um objetivo estratégico. Nesse sentido, o Partido Comunista Peruano saúda o chamado do comandante Ollanta Humala às forças de esquerda, progressitas e ao movimento social, para constituir uma grande frente política e social, como alternativa unitária de governo e poder popular. Antes esta proposta, o PCP está disposto a dialogar sobre uma base programática com o Partido Nacionalista, a UPP e outras forças políticas e sociais de esquerda, nacionais e regionais, para determinar a natureza, alcances e perspectivas da dita frente e avançar na sua concretização; mas ao mesmo tempo desenvolverá uma firme e resolvida posição de luta levantando a bandeira das demandas pelas quais votou a imensa maioria do povo peruano.

 

A convocação para a formação de uma grande Frente Nacionalista Democrático e Popular resultou na deserção de Carlos Torres Caro, candidato à segunda vice-presidência pelo UPP, que procura justificar sua atitude como uma resposta ao chamado feito por Humala à esquerda com o pretexto de que seria um fator de "desestabilização da democracia". Esta atitude do desertor não é nova, quando Ollanta convidou a esquerda para fazer parte de sua lista parlamentar, Torres Caro foi o primeiro a se opor diante da sinalização que fez a esquerda pelos seus vínculos com a máfia fujimontesinista, hoje se confirmou o questionamento, que com justeza se fez sobre o desertor. Torres Caro ficou sem máscara.

 

7 – Neste novo cenário que vai se construindo com a desinação do novo gabinete, a eleição da mesa diretora do Congresso e a mensagem presidencial de 28 de julho, o Partido assume os seguintes alinhamentos táticos:

 

1 – Contribuir com a unidade das forças populares e marchar unitariamente para as eleições municipais e regionais de novembro.

 

2 – Fortalecer a unidade do movimento sindical e popular propiciando uma maior inserção na luta política e social. Nesse sentido, uma tarefa primordial é impulsionar a realização exitosa do próximo Congresso da CGTP; de outro lado, fortalecer os movimentos regionais onde existe maior efervescência social.

 

3 – Impulsionar a reorganização, renovação e desenvolvimento quantitativo e qualitativo do Partido no marco do 13º Congresso Nacional

 

4 – Intensificar a luta ideológica, política e de massas estreitando os vínculos do Partido com as forças irmãs e organizações progressistas da América Latina e do mundo.

 

5 – Promover uma real integração latino-americana rechaçando a campanha imperialista que vão contra as decisões soberanas de países como Venezuela, Bolívia e Cuba de fortalecer a mais ampla solidariedade e cooperação entre nossos povos.

 

Lima, 12 de junho de 2006.

Comissão Política do PCP