Duas pesquisas mostram vantagem de Obrador no México

Duas pesquisas difundidas ontem (14), a menos de três semanas das eleições presidenciais mexicanas, confirmaram que o candidato de esquerda Andrés López Obrador está na frente do candidato do governo Felipe Calderón.

Uma pesquisa do jornal Reforma atribui 37% das intenções de voto a López Obrador, da Aliança Pelo Bem de Todos, contra 35% de Calderón, do Partido Ação Nacional (PAN, de direita). Em terceiro lugar está Roberto Madrazo, com apenas 23% das intenções de votos. A quarta candidata, a social-democrata Patricia Mercado, acumula 4% das preferências, segundo a pesquisa, enquanto Roberto Campa, do Partido Nova Aliança (centro), tem apenas 1%. A outra pesquisa, da empresa Consulta-Mitofsky, difundida pela rede mexicana Televisa, atribuiu 34% a López Obrador, 32% a Calderón e 28% a Madrazo.

Na reta final da campanha, o ex-prefeito da Cidade do México percorrerá em 15 dias 32 estados mexicanos. Andrés Manuel López Obrador conta, em entrevista ao jornal El Pais, que pretende cortar os gastos públicos e acabar com a corrupção. "No México, o governo se organiza para o saque", diz.

Confira abaixo alguns trechos da entrevista:

As pesquisas dão um empate. Tem uma carta na manga a seu favor?
Obrador
: A carta que tenho é que segundo as nossas pesquisas estou de 6,8 a 10 pontos na frente. Manipularam as pesquisas.
 
Quais serão suas primeiras medidas se vencer as eleições? 
Primeiro, reduzir o custo do governo. Isto significa pôr em prática um plano de austeridade, reduzindo salários para liberar fundos. Segundo, impulsionar programas de desenvolvimento social e, terceiro, pôr em andamento projetos para o campo, fomentar o turismo, estimular a construção de infra-estrutura e modernizar o setor energético.

Como financiaria estes programas?
Em princípio com a economia gerada pela austeridade.

Reduzir salários de altos funcionários não pode gerar uma fuga de cérebros em setores-chave do governo?
O presidente do México ganha três vezes mais do que o presidente de governo da Espanha. O ministro da Fazenda ganha duas vezes mais do que o presidente espanhol. Se ganhar o que recebe o presidente espanhol, não haveria razão para uma fuga de cérebros. Queremos economizar uns cem bilhões de pesos (US$ 9 bilhões) no primeiro ano. É preciso acabar com a duplicidade de funções no governo e baixar o nível de corrupção, não permitindo que haja desde cima.

No governo da Cidade do México também houve corrupção.
Sim, mas não como sistema. O governo do Distrito Federal não estava organizado para a corrupção. O que aconteceu no México é que o governo se organiza para o saque.

Fonte: Ansa e El Pais