Kirchner quer que Estado recompre 20% da Aerolíneas

O governo Néstor Kirchner se prepara para readquirir até 20% das ações das Aerolíneas Argentinas, hoje controlada pelo grupo espanhol Marsans. Os rumores de que a Casa Rosada, hoje com 1,6% da companhia, queria voltar a ter influência na empresa e até ree

O presidente argentino chega a Madri no dia 21 e deve se reunir com o colega espanhol, José Luis Zapatero. A intenção do Estado argentino é ficar com, no mínimo, 5% da empresa. A porcentagem daria ao governo a "ação de ouro", o que permitiria vetar eventuais mudanças acionárias. De acordo com os jornais El Cronista e Ambito Financiero, a Casa Rosada não pretende pagar pelo pacote acionário. Receberia as ações em troca de subsídios concedidos à Aerolíneas para manutenção e incremento de trechos não-rentáveis, principalmente à Patagônia (extremo sul da Argentina).

Além dos subsídios, Kirchner autorizaria um aumento escalonado de 20% nas tarifas aéreas domésticas (10% em um mês e 10% no mês seguinte ao acordo). Os preços das passagens estão congelados há dois anos, sob protestos do grupo espanhol. A negociação começou há 15 dias, segundo a imprensa argentina. O interlocutor dos espanhóis com a Casa Rosada é o diretor-geral Esteban Maccari, que havia ganhado a confiança dos sócios do grupo Marsan Gonzalo Pacual e Gerardo Dias. Segundo o El Cronista, contribuiu para o avanço das conversas o afastamento do sócio Antonio Mata, ex-número 1 da companhia.

Mata enfrentou nos últimos dois anos conflitos com os funcionários da aérea e desgastou sua relação com o governo. Em novembro de 2005, uma greve por aumento de salários durou nove dias e causou o cancelamento de 110 vôos e caos nos dois principais aeroportos argentinos. Em maio, depois de mais ameaças de greve, os espanhóis concederam reajuste de 19% a pilotos e técnicos.