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Olimpíada de 2016 vai ser uma boa para o Rio; veja por que

Na última segunda-feira o presidente Lula, em seu programa habitual de rádio, o Café com o Presidente, defendeu a realização da 31ª Olimpíada na cidade do Rio de Janeiro, que disputa a candidatura com outras três cidades, todas de países ricos: Madri,

Não faltam argumentos a favor da realização de uma olimpíada na América do Sul. Além de alavancar a parte social e cultural e, óbvio, esportiva do país, uma olimpíada representa reconhecimento internacional, desenvolvimento econômico e possibilidades de turismo e comércio.


  


  





 


O mapa, acima, demonstra de forma eloqüente como a decisão de fazer do Rio de Janeiro uma cidade olímpica traria benefícios, não só ao Brasil como até à America do Sul, que, junto com a África, é uma das partes do planeta que jamais viu a bandeira olímpica ser hasteada em seu território.



Em visita à China, durante a abertura dos Jogos Olímpicos em Pequim e ao lado do governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, o presidente Lula declarou que a cidade do Rio de Janeiro tem plenas condições de sediar as Olimpíadas de 2016.



Em um evento em Pequim, Lula afirmou que ''é importante olhar o Rio de Janeiro com olhar de futuro, ou seja, imaginar o que será o Brasil em 2016''. A afirmação teve endereço certo, o Comitê Olímpico Internacional.



''Somos um país que tem fronteira seca com vários países da América do Sul, portanto temos a chance de fazer com que os pobres do mundo, que não têm chance de ver uma Olimpíada, possam ir ao Brasil assistir a uma Olimpíada'', afirmou.



''Se você escolher qualquer assunto, qualquer tema, o Brasil estará entre as dez maiores economias do mundo em qualquer tema, portanto nós temos o direito de reivindicar'', disse, convicto, o presidente.



Para Lula, o Brasil está tão bem preparado quanto os concorrentes. ''Nós precisamos parar com essa história de achar que somos coitadinhos, que somos pobrezinhos, que não podemos nada. Nós podemos. Nós tivemos o Pan, que foi um sucesso extraordinário'', disse.



Segundo o ministro dos Esportes, Orlando Silva, para reforçar a candidatura carioca o Brasil submeterá ao Comitê Olímpico Internacional um estudo que avaliará a capacidade das instalações Olímpicas virarem locais para uso da população humilde do Rio.



''O desafio do Rio de Janeiro é mostrar que os Jogos vão deixar um legado para a comunidade'', afirmou aos jornalistas brasileiros.



Lula ainda negou que a questão da segurança seja um problema para o Brasil e disse com convicção que ''no Brasil não tem terrorismo'', o que foi interpretado pela mídia espanhola — Madri é candidata — como um ''golpe baixo''.


 


Economia



A indústria turística e as empreiteiras serão os setores mais favorecidos pelo evento, que transformará a cara da cidade com investimentos milionários em infra-estrutura, dando novo alento à imagem do país.



Quando Londres foi escolhida como sede dos jogos de 2012, Bill O’Neill, estrategista do JP Morgan Asset Management, afirmou no Financial Times que todos os países escolhidos anteriormente para sede dos jogos tiveram uma elevação significativa de receitas. Em Londres, a expectativa é de que o PIB tenha um aumento de 0,4%.



Contudo, os benefícios vão além do meramente econômico. Via de regra, o desenvolvimento urbanístico das cidades é bastante beneficiado com a celebração dos jogos, já que eles revitalizam áreas degradadas nas imediações da cidade olímpica e promovem a renovação de infra-estruturas específicas.



''O maior benefício para a cidade que sedia os jogos é a abertura que se dá em relação ao mundo, a possibilidade de ser conhecida e de ser o centro da informação mundial durante as três semanas do evento. O nome da cidade passa a ser uma marca publicitária gratuita no mundo todo, conquistando com isso um público objetivo em todo o globo'', afirma Jacobo Ruiz Gil, consultor da Key Sport e pesquisador do IESE.



Entretanto, outra fatia que lucra muito nos jogos é a relativa à segurança. Nos Jogos Olímpicos realizados na Grécia, em 2004, a segurança exigiu um orçamento de 1,2 bilhão de dólares (1,02 bilhão de euros), um volume infinitamente superior aos 200 milhões de dólares gastos nos jogos de Sydney, apenas quatro anos antes.



O governo grego instalou um sistema de segurança tão sofisticado a ponto de fotografar o rosto das pessoas, interceptar ligações telefônicas e identificar o número do celular das pessoas em qualquer parte da cidade.



O Pacto Militar do Atlântico Norte (Otan) também participou com aviões de vigilância e com o envio de tropas especiais de intervenção.



Escolha em 2009



A cidade sede será anunciada na 121ª Sessão do COI em Kopenhagen, Dinamarca, em 2 de outubro de 2009. As Paraolimpíadas de 2016 serão realizadas após o evento principal na mesma cidade. 



A avaliação das candidaturas finalistas, em um primeiro momento, não dá muitas esperanças ao Rio de Janeiro. Tóquio é a que desponta como a ''ideal'' para o COI na primeira avaliação, com nota 8,3. Em seguida vem Madri, a capital da Espanha e concorrente latina do Rio, com nota 8.1. Chicago, nos Estados Unidos, obteve um 7.0, à frente do Rio por 6 décimos (6,4).



Jogos aristocratas?



Desde a primeira olimpíada da era moderna, disputada em Atenas no ano de 1896, o Comitê Olímpico Internacional privilegiou os países ricos como sede de seus jogos. Apenas uma olimpíada foi disputada em um país pobre da América Latina, o México, em 1968. E apenas duas foram realizadas no hemisfério sul, na anglófona Austrália, em Melbourne e Sydney. Além disso, há um outro fator importante que é o eurocentrismo do COI, segundo alguns analistas esportivos.


 


Isso é motivo de críticas inclusive de entidades que protagonizam com o COI disputas acirradas, como a Federação Internacional de Futebol Associado (Fifa).



Disputas com o futebol



O futebol, um esporte popular surgido em meados do século 19, tinha sua mais importante disputa internacional nos Jogos Olímpicos. Até os jogos de 1928, em Amsterdã, o vencedor da medalha de ouro deste esporte era considerado o campeão mundial. Algo que deixou de ser regra após o primeiro mundial patrocinado pela Fifa em 1930. Mundial que foi disputado no Uruguai.



Joseph Blatter, presidente da Fifa, lembrou há alguns dias que o COI jamais patrocinou uma olimpíada em países pobres, coisa que a Fifa jamais se recusou a fazer, inclusive indicou a África do Sul para realizar a primeira competição de relevo mundial no continente africano, em 2010.



O caráter elitista do Comitê Olímpico Internacional permaneceu ao longo do século 20, enquanto a Fifa ganhava terreno com sua Copa do Mundo, que hoje mobiliza mais gente e dinheiro que a Olimpíada.



Isso porque o COI vai em sentido contrário ao da Fifa e não pretende afrouxar as ''regras'' para beneficiar países de Terceiro Mundo. A entidade que comanda o futebol mundial anunciou a algum tempo que fará um rodízio dos continentes.



Copa do Mundo facilita



Assim, a Copa irá pela primeira vez na história para a África, em 2010, e voltará para a América do Sul após 36 anos, em 2014, quando será disputada no Brasil.



Jacques Rogge, o presidente do COI, declarou que a possibilidade de adotar o rodízio de continentes é nula. ''Só levamos em consideração para dar a um país o direito de sediar uma Olimpíada, o caderno de encargos e o relatório da comissão de avaliação'', sentenciou.



A decisão da Fifa em conceder o direito ao Brasil de realizar o mundial de futebol em 2014 coloca mais uma vez o COI contra a parede, visto que o mundial de futebol envolve pelo menos 12 cidades e uma rede muito mais complexa de transportes e segurança, enquanto a Olimpíada exige instalações esportivas mais complexas.



A realização da Copa do Mundo de futebol em 2014 dará ao Brasil uma experiência que nenhuma outra nação teve em relação à Olimpíada. Ela dá mais garantias que toda infraestrutura urbana (metro, rodovias e hotelaria, por exemplo) necessária para as olimpíadas de 2016 estará pronta dois anos antes para a copa.



Legado social



O Comitê Olímpico Brasileiro, dirigido por Carlos Arthur Nuzman, considera que uma Olimpíada no Rio de Janeiro trará um legado social e educacional não só para a cidade mas também para o país.



''Nada melhor do que os Jogos Olímpicos como ferramenta educacional e social. Será indutor de transformações. Foi o que já vimos no Pan'', disse ele, acrescentado que cidades como Barcelona, Atenas e Seul deram ''salto de qualidade'' após seus eventos.



Pelo projeto de 2016, o Rio terá de fazer série de obras no setor de transporte. Pelo novo desenho, serão construídos corredores de ônibus (semelhantes ao de Bogotá, com faixas segregadas e estações) e novas vias. O metrô e os trens urbanos terão pequenas ampliações, mas não serão o principal meio de transporte do evento.



Para Eduardo De Rose, um dos maiores especialistas brasileiros em Olimpíadas, vale a pena receber uma olimpíada. ''Não vejo problema com os gastos. Vai haver um aporte grande de empresas. A promoção internacional é um grande benefício. O importante é termos organização administrativa, como fez Sydney em 2000'', considera.



O presidente do Comitê Olímpico dos Estados Unidos, Peter Ueberroth, admitiu recentemente que a candidatura de Chicago para organizar os Jogos Olímpicos de 2016 está atrás do Rio de Janeiro.



Segundo Ueberroth, Chicago precisa adotar uma postura semelhante à usada pelo campanha do Rio-2016: organizar grandes eventos e trazer dirigentes para a cidade. O sucesso dos Jogos Pan-Americanos e a visita de metade dos membros votantes do COI ao evento são apontadas como as forças da candidatura carioca.