Uma vantagem histórica para Lula

Por ÉWrico Firmo, para
o jornal O Povo (CE)*

A folgada vantagem que o petista Lula apresenta hoje nas pesquisas de intenções de votos para presidência da República é uma das maiores da política brasileir

Para que Luiz Inácio Lula da Silva não seja reeleito para mais quatro anos à frente do Palácio do Planalto, um dos adversários na disputa pela Presidência da República precisará protagonizar uma das maiores viradas eleitorais da história brasileira. Em três das quatro últimas disputas presidenciais, o candidato que liderava as pesquisas a quatro meses da eleição foi eleito presidente. E a vantagem de Lula está, historicamente, entre as maiores.

Desde a redemocratização, apenas uma vez – em 1994 – um concorrente conseguiu uma virada como a que Geraldo Alckmin (PSDB), ou algum dos demais candidatos, precisa obter nas eleições de outubro. E esse candidato era um tucano, Fernando Henrique Cardoso, que disputava contra o mesmo Lula, que, como agora, era líder nas pesquisas.

As semelhanças, contudo, param por aí. Naquela época, era o candidato do PSDB que tinha a máquina presidencial a seu serviço. E, entre a vantagem obtida nas primeiras pesquisas daquele ano e a derrota de Lula, ainda no primeiro turno, havia um Plano Real no meio do caminho.

A força de Lula está concentrada em um eleitorado distinto daquele que o levou ao poder em 2002. Há quatro anos, o PT chegou à Presidência da República com o voto de maioria jovem, residente nas regiões metropolitanas, de classe média e nível superior. O melhor percentual de votos foi obtido na região Sul. Após a chegada ao poder, o eleitorado praticamente se inverteu. A principal base de Lula hoje é nordestina, mais velha, com menor escolaridade e, sobretudo, mais pobre.

Uma comparação entre a última pesquisa Datafolha e o levantamento feito pelo mesmo instituto em maio de 2002 mostra que houve uma troca do eleitorado entre as intenções de voto em PT e PSDB. Há quatro anos, a pesquisa mostrava vantagem de Lula de 17 pontos percentuais entre os eleitores com renda familiar mensal de até cinco salários mínimos. Na última pesquisa Datafolha, Lula alcança uma diferença em relação ao candidato tucano de 31 pontos entre o eleitorado que recebe até dois salários. No segmento entre dois e cinco salários mínimos mensais, Lula tem uma vantagem de 20 pontos.

Já em seu tradicional eleitorado, a classe média, Lula perdeu espaço. A vantagem, de 29 pontos há quatro anos – a maior entre todos os segmentos -, hoje é uma situação de empate técnico entre ele e Alckmin entre os eleitores com renda familiar entre cinco e 10 salários mínimos. Lula tem 35% das preferências, enquanto o tucano fica com 33%.

Entre os que recebem acima de 10 salários mínimos, os seis pontos de vantagem que o petista tinha sobre o então candidato tucano, José Serra, reverteu-se em nove pontos de vantagem de Lula sobre Alckmin no último levantamento do Datafolha. Enquanto obtém vantagem absoluta entre os mais pobres, o estrato mais rico da população é o único no qual Lula seria derrotado.

Fonte: O Povo