Brasil cede e alivia embargo a fruta chilena

O governo brasileiro vai mudar a redação da resolução que suspendeu, nesta semana, a importação de frutas do Chile, para limitar o bloqueio às importações de uvas de apenas duas empresas.

A suspensão havia sido decidida com base no acordo fitossanitário dos dois países, devido à presença de um ácaro danoso à produção de uvas, encontrado em cargas de uvas chilenas exportadas por essas empresas. O bloqueio de importações por causa do ácaro Brevipalpus chilensis foi estendido a frutas também hospedeiras da praga, como kiwi, nectarina, damasco, pêra e maçã, mas foi suspenso ontem, a pedido do governo chileno. Em troca da suspensão da proibição de importações de frutas, o governo brasileiro obteve do Chile o compromisso de discutir, em uma semana, em reunião técnica, o fim do embargo à carne bovina brasileira, motivado pelo ressurgimento da aftosa no Mato Grosso do Sul e no Paraná no fim do ano passado.
O Chile, que também exporta carne bovina, é considerado livre de aftosa sem necessidade de vacinação, o que exige forte controle da doença no país. A decisão sobre o alívio do embargo às frutas chilenas foi discutida pelo ministro de Relações Exteriores do Chile, Alejandro Foxley, em visita ao Brasil, com o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lula insistiu na necessidade de mecanismos de advertência para prevenir medidas de controle sanitário que afetem o comércio bilateral, relatou Foxley, após o encontro. "O presidente Lula falou da importância de nossa aliança estratégica e da capacidade de antecipação (de problemas)", disse o ministro chileno.

Ácaro

Pelo acordo com os chilenos, os caminhões em viagem ao Brasil com frutas daquele país terão autorizada a entrada, com facilidades para apressar a fiscalização sanitária. "Na próxima semana teremos uma reunião para discutir os problemas que estão pendentes, o da uva e o da carne que sofreu restrição de acesso por causa da aftosa", disse Foxley. A reivindicação de pôr fim ao bloqueio chileno à carne brasileira foi levada a Santiago pelo secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Luís Carlos Guedes Pinto, que ontem também se comunicou, por telefone com Foxley, segundo o ministro chileno.

A decisão do Ministério de Agricultura brasileiro havia sido tomada para evitar qualquer possibilidade de entrada do ácaro Brevipalpus chilensis no país, uma praga que, segundo os técnicos, poderia reduzir em até 30% a produção das videiras nacionais, se conseguir se alastrar no Brasil. Além das uvas, havia sido proibida a importação de kiwi, anona, damasco, mastruço, frutas cítricas, caqui, figo, nectarina, pêra, pêra asiática, groselha, maçã, maracujá amarelo, geranium, plumcot, " sweet almond " e framboesa.

Com agências