O fracasso de um símbolo chamado “novo BNDES”

Uma dos alvos preferidos dos ataques do bolsonarismo era o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Mesmo antes da posse, sua “reestruturação” era um assunto que circulava como uma das prioridades do novo governo. Mas a realidade se mostrou bem diferente do que diziam os inimigos do banco.

BNDES

De acordo com uma matéria do site revista Exame, a primeira contenção ao avanço destruidor se manifestou dentro do próprio banco. O clima de euforia inicial, cedeu lugar à indiferença. De acordo com o texto, a destruição do BNDES fazia parte de uma agenda que empolgou empresários, analistas e a equipe da administração de Bolsonaro. Ela fazia parte de uma longa lista de “reformas” que rapidamente seriam implementadas.

Um ano depois, diz a matéria, mesmo tendo conseguido aprovar a “reforma” da Previdência Social, Guedes admitiu recentemente que o ritmo das “reformas” e das privatizações está mais lento do que o esperado. Entre elas a “reestruturação” BNDES. A principal propaganda de Bolsonaro era que a caixa-preta” do banco seria aberta, indicando supostas irregularidades na concessão de financiamentos, mas até agora nenhuma investigação revelou desvios.

Outra meta implantar um programa de privatizações selvagens no BNDES. Depois de trocar o presidente do banco duas vezes, Guedes não conseguiu seu intento, que era desfazer da carteira de investimentos em empresas de capital aberto, com as quais ele pretendia “economizar” cerca de 120 bilhões de reais que seriam despejados no rentismo privado.

Segundo a Exame, Guedes também pretendia acabar com o crédito que ele diz ser “subsidiado”, a razão de ser do banco, o motivo para o qual ele foi criado, servindo de instrumento de fomento com juros abaixo dos praticados pelos bancos comerciais. No modelo traçado, o BNDES deveria operar à maneira de um banco de investimento privado, mas tendo como clientes estados e municípios.

Carteira de ações

Não é a primeira vez que o BNDES sofre ataques como esse tentado por Guedes e Bolsonaro. Quando o Brasil ficou sob a tutela do Fundo Monetário Internacional (FMI), o banco não podia assumir o controle de uma empresa, ainda que ela estivesse inadimplente, como ocorreu na quebradeiras das empresas elétricas privadas, um dos motivos do famoso “apagão” da “era Fernando Henrique Cardoso). Os recursos do banco eram, como agora, constantemente assediados pelo mercado financeiro.

O primeiro presidente do BNDES na “era Lula”, Carlos Lessa, começou a mudar essa estrutura que, como ele disse, moeu o banco. Mais adiante, a política de investimentos do BNDES foi fundamental para sustentar o impulsionamento da economia, inclusive com a participação em muitas empresas públicas e privadas. A carteira de ações de empresas abertas detidas pelo BNDES, abrigada na subsidiária BNDES Participações, tem 102 companhias.

A Petrobras responde por cerca de 43% da carteira, seguida pela fabricante de alimentos JBS, com 15,4%, pela mineradora Vale, com 13,1%, e pela companhia de energia elétrica Eletrobras, com 10,4%. Em setembro, o plano para a venda dessas ações foi apresentado à diretoria do banco, segundo Exame. É a mesma política adotada na Caixa Econômica Federal (CEF) — além da anunciada privatização do Banco do Brasil.