A luta das mulheres contra o estupro e a violência

Até 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos, estaremos no período chamado de 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres. 

Por Abigail Pereira*

Abigail Pereira - Foto: Bruno Pacheco


A campanha da ONU, iniciada no em 25 de novembro, Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres, envolve entidades e organizaçÕes de todo o mundo para o enfrentamento de questões relativas à violência de gênero. Neste ano, o tema central é “Pinte o mundo de laranja: geração igualdade contra o estupro!”.

A campanha é fundamental para fortalecer a luta e a viabilização de ações contra alguns dos principais males que atingem a população feminina. Segundo o 13º Anuário de Segurança Pública, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, houve mais de 66 mil casos de violência sexual em 2018, equivalente a 180 por dia. A maioria das vítimas, 82%, é do sexo feminino e destas, 54% tinham até 13 anos! Trata-se do número mais alto registrado desde 2009.

O levantamento também registra que 76% das vítimas têm algum tipo de vínculo com o abusador, o que torna o problema ainda mais delicado por envolver membros da família ou pessoas muito próximas. No mesmo período, também houve crescimento de 5% no número de feminicídios, com 1.206 assassinatos, e de 4% nos casos de violência doméstica, com mais de 263 mil casos.

No que diz respeito aos estupros, a notificação ainda é baixa por medo e pela falta de estruturas adequadas para receber e acolher essas mulheres. Para Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum, o aumento no número de casos não se deve à ampliação dos registros: “muito provavelmente o que a gente está vendo é, de fato, um aumento da violência contra a mulher”.

O ambiente político atual de estímulo à violência em todas as suas formas, alimentado pelo governo Bolsonaro, por seus discursos odientos e por ações concretas como as que buscam facilitar o porte e a posse de armas, somado à cultura machista e misógina que também se alimenta deste cenário, incide diretamente sobre esta cruel realidade.

Por tudo isso hoje, mais do que nunca, é preciso usar de todos os instrumentos que ajudem a unir as mulheres e a sociedade na luta contra a violência de gênero, por políticas públicas que enfrentem de fato esta questão e pela mudança da cultura do machismo e da opressão. Sabemos que a visão fascista e autoritária do governo Bolsonaro inibe ou mesmo impede as iniciativas de defesa dos direitos humanos, mas não podemos desanimar. A vida de milhares de mulheres dependem dessa luta.