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Dia do Samba: Canção de Martinho é a preferida de Zeca Pagodinho

Zeca Pagodinho tem uma playlist que praticamente não recebe visitas de álbuns e produções com data de lançamento depois dos anos 1970. O sambista carioca – que já gravou um disco em homenagem a Heitor dos Prazeres – admite que, ao menos nos momentos de descanso, não costuma ouvir as novidades do ritmo: “Em casa, só escuto músicas bem antigas, como Candeia, Elizeth Cardoso, Ciro Monteiro”. O artista busca na memória e recupera sons e ritmos que escutava na casa dos pais.

Martinho da Vila e Zeca Pagodinho

“A música que tocava na minha infância era muito misturada. A gente escutava muita seresta, valsa e, claro, samba”, diz. Segundo ele, Martinho da Vila e Monsueto foram as fontes de inspiração para seu início da carreira nas rodas de samba cariocas, entre o final dos anos 1970 e o começo dos anos 1980. E é de autoria de Martinho a música que mais o emociona. “Não consigo mais lembrar o nome do primeiro samba que ouvi na vida. Mas o mais marcante é um samba do Martinho: ‘Particular, ela é particular’ [cantarola]. É o Pequeno Burguês. Era este o samba!”.

Zeca diz admirar grupos e novos nomes que chegaram ao cenário do samba recentemente. Mas prefere não citar preferências. “Tem muita gente boa. Mas não posso falar de um e não citar o outro.”

Às vésperas da estreia do show Mais Feliz em São Paulo, o cantor faz um balanço positivo de quase 40 anos de carreira musical. A apresentação é o lançamento do disco homônimo, o 24º álbum na história do artista. “Acho que, hoje, vivo um momento artístico bem melhor do que naquela época que eu surgi, na explosão do samba dos 1980. Bem melhor!”

E diz relembrar de sua madrinha no samba sempre que recorda os primeiros passos da carreira. “Penso muito em Beth Carvalho, que gravou, em 1983, Camarão que Dorme a Onda Leva”, diz sobre o primeiro grande sucesso de sua carreira.

Zeca também recupera a importância de outros nomes em sua trajetória, citando Mussum e Alcione. O primeiro artista a gravar Zeca foi o grupo Fundo de Quintal (Amargura, 1983). No mesmo ano, o humorista e músico Antônio Carlos Bernardes, o Mussum [ex-integrante do humorístico Os Trapalhões] incluiu o samba Chiclete de Hortelã em um disco. Logo depois, Alcione gravou Mutirão de Amor, samba de autoria de Zeca, Sombrinha e Jorge Aragão.

Em um ano marcado pela morte de nomes importantes do samba, como Beth Carvalho, Zeca cita a recente despedida de Reinaldo, o Príncipe do Pagode. “A gente sempre fica muito triste quando isso acontece. Era um companheiro de música, de rua. Foi um ano difícil.”

O sambista olha para o futuro do ritmo de forma otimista, mas sem fazer apostas. Lembra a importância do Dia Nacional do Samba e presta reverência ao ritmo: “Não sei como será o futuro do samba. Acho que só Deus sabe! Mas o samba é a minha alegria, a minha comida – e ainda paga as minhas contas”.