Chapa da CTB é reeleita no Sinpro Minas com mais de 12 mil votos

A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) permanecerá por mais quatro anos à frente do Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais (Sinpro Minas). A Chapa Resistência e Luta, presidida por Valéria Morato, venceu nesta terça-feira (26), com 97% dos votos, a eleição para a diretoria da entidade – uma das maiores e mais importantes da base cetebista. Apesar de haver apenas uma chapa na disputa, o elevado quórum – de 12.741 votantes – respaldou ainda mais a direção eleita.

Valeria Morato

“A inscrição de chapa única, por si só, já demonstra a confiança da categoria na direção. O quórum reafirma essa percepção: a categoria reconhece e referenda a atuação dos dirigentes da sua entidade”, afirmou Valéria ao Vermelho. Foram nada menos que 12.378 votos na chapa única, contra apenas 265 votos em branco e 98 nulos. O mandato será de 2020 a 2024.

Conforme a presidenta reeleita, a construção de uma chapa unitária e representativa levou em conta “a representação docente das maiores escolas. Buscamos professores de todos os segmentos para que nosso trabalho seja balizado pela vivência dentro das salas de aula, dentro das escolas”. Em contrapartida, ela alerta para a “ofensiva do patronato contra a organização dos trabalhadores”. Segundo Valéria, “o medo de perder o emprego faz com que muitos desistam desse enfrentamento à frente do sindicato”.

É uma conjuntura bem diferente daquela que a direção cessante encontrou no início da atual gestão, na virada de 2015 para 2016. “Fazia mais de dez anos que o Brasil estava com governos populares e progressistas. A meta do movimento sindical era lutar por consolidar e agregar conquistas para a classe trabalhadora – e, no nosso caso, para professores e professoras”, lembra Valéria.

Além disso, as gestões Lula e Dilma Rousseff (2003-2016) fortaleciam a educação pública. “Houve, por exemplo, valorização dos profissionais da Educação, com a implantação de um piso salarial nacional”, diz Valéria. “Esse cenário nos permitia negociar para os professores da rede privada sem muitas ameaças ou ofensivas do lado patronal. Tínhamos a expectativa e o planejamento de muitas lutas para ter uma convenção coletiva ainda melhor.”

Mas, com poucos meses de gestão, a diretoria do Sinpro foi impactada pela guinada na situação nacional – que se deteriorou a partir do golpe de 2016 contra a presidenta Dilma. Com a ascensão de Michel Temer ao Planalto, o Brasil passou a viver uma era de ataques aos trabalhadores e retirada de direitos, bem como à Educação.

De acordo com a presidenta do Sinpro, “o novo contexto alterou todo o planejamento da diretoria empossada em 2016. Foi um mandato de luta para manter o que já havíamos conquistado – e não mais de novas conquistas”. Com negociações cada vez mais “endurecidas”, o mandato exigiu resistência, coesão e firmeza dos dirigentes da entidade. “Foi necessário até fazer greve para não perdermos direitos.”

A nova direção assumirá, assim, num momento ainda mais adverso, em que a gestão ultraliberal de Jair Bolsonaro já terá completado mais de um ano. “A diretoria eleita sabe que o que vem pela frente são lutas para manter o sindicato forte e garantir minimamente a organização dos professores e professoras”, afirma Valéria.

“Vamos combater as demissões – que tem acontecido em larga escala –, o sucateamento da regulamentação das relações de trabalho, a terceirização na educação e o assédio moral diário por parte do patronal, dos pais e dos alunos que tanto tem adoecido os docentes. Vamos lutar também pela liberdade de cátedra, pela regulamentação do trabalho a distância, além da valorização da educação pública de qualidade e para todos”, conclui a presidenta do Sinpro.

Além de Valéria Morato – que comandará o Sindicato pela segunda vez –, a diretoria executiva será composta por Thais Claudia D’Afonseca da Silva (1ª vice-presidenta), Ricardo de Albuquerque Guimarães (2º vice-presidente), Newton Pereira de Souza (tesoureiro-geral), Telma Patrícia de Moraes Santos (1ª tesoureira), Clarice Barreto Linhares (secretária-geral) e Mônica Junqueira Cardoso Lacerda (1ª secretária).

De Belo Horizonte (MG),
André Cintra