Leandro Roque de Oliveira, 34 anos, é o nome de Emicida, um dos mais conceituados cantores e compositores da música popular brasileira contemporânea. Quem ainda não ouviu alguma de suas canções precisa urgentemente prestar atenção nesse artista.
Por Marcos Aurélio Ruy
Publicado 20/11/2019 07:48 | Editado 13/12/2019 03:29
Emicida acaba de lançar seu mais recente álbum, o AmarElo, que conta com 12 faixas, entre raps, sambas e funks, com poesias elaboradas e inúmeras participações especiais. É um libelo ao amor como uma arma poderosa e popular para vencer o ódio que a elite rancorosa e obsoleta sente pelo País e pelo povo brasileiro.
É o caso de Ismália (Emicida, Nave Beats e Renan Samam), cuja gravação tem a participação especial de Larissa Luz e Fernanda Montenegro. Coube à “grande dama do teatro brasileiro” declamar o poema Ismália, de Alphonsus Guimarães (1870-1921), um dos grandes nomes do Simbolismo brasileiro, movimento literário, que surgiu na França, no século 19, dando ênfase na fantasia e na subjetividade.
A faixa-título, AmarElo (Felipe Vassão, DJ Duh, Emicida), tem participação especial de Pablo Vittar e Majur, além de um sample da canção Sujeito de Sorte (Belchior) – “Tenho sangrado demais / Tenho chorado pra cachorro / Ano passado eu morri / Mas esse ano eu não morro.” Porque a veia pulsa, o sangue é vermelho, o coração bate do lado esquerdo e a arte de Emicida é resistência.
A cada faixa, Emicida quase que repete a famosa frase do revolucionário Ernesto Che Guevara (1928-1967) de que há de endurecer-se, mas sem perder a ternura jamais. E como também canta Chico César em seu mais recente álbum: “O Amor É um Ato Revolucionário.”
Como a dizer: “É o tênis foda / Uma pá de joia foda / Reluz na coisa toda / Do jeito que incomoda / Pretos em roda / É o GPS da moda / Se o gueto acorda / O resto que se foda” (Libre, de Emicida e Ibeyi).
Nas canções do seu terceiro álbum de estúdio, numa carreira que começou em 2005, Emicida mostra maturidade e uma vontade de romper barreiras musicais, mesclando ritmos, visitando autores do passado, atualizando a temática do amor, das vontades individuais, das questões sociais e políticas cantando o antirracismo, os direitos das mulheres, dos LGBTs, da justiça e da igualdade de direitos em belas músicas. Vale conferir.