Governo usurpador da Bolívia desencadeia onda de terror

Métodos violentos se combinam com ações diplomáticas truculentas, elevando as tensões políticas na região.

Bolívia

O governo usurpador da Bolívia anunciou a ruptura das relações com a Venezuela e a expulsão de todos os funcionários da sua embaixada em La Paz, alegando suposta interferência em assuntos internos do país. A ministra ocupante do Exterior, Karen Longaric, disse que, como houve uma mudança de governo no país, agora haverá alinhamento com a Organização dos Estados Americanos (OEA). “É claro que vamos romper as relações com o governo de Maduro”, declarou a diplomata usurpadora.

A declaração foi feita um dia após a presidente golpista Jeanine Áñez reconhecer o líder golpista Juan Guaidó como “presidente” da Venezuela. O também usurpador ministro do Governo, Arturo Murillo, acusou venezuelanos e cubanos de participarem de um trabalho político contra a administração de Áñez.

A presidente golpista afirmou também que, caso Evo Morales deixe o exílio no México e retorne ao país, deverá responder à Justiça. Para Añez, ele deve ser julgado pelas acusações de corrupção e irregularidades nas últimas eleições – um discurso muito parecido com a da Operação Lava Jato no Brasil. Morales havia afirmado que pretende voltar para a Bolívia assim que a carta de renúncia for aprovada pelo Legislativo. Ele disse ainda que, caso a população queira, ele voltará o mais rápido possível para pacificar o país.

Sequestro

O ex-presidente fez a afirmação em meio a uma onde de terror que se espelha pelo país. A chefe da brigada médica cubana na Bolívia, Yoandra Muro, que havia sido sequestrada, foi libertada na sexta-feira (15) em La Paz, depois de ser detida e interrogada pela polícia, informou o ministro da Saúde de Cuba, José Angel Portal. "Depois de ser submetida a detenção e interrogatório injustificados por parte da polícia, ela voltou à sede da coordenação com seus companheiros", afirmou Portal em sua conta no Twitter.

Algumas horas antes, o Ministério das Relações Exteriores havia relatado a prisão de Yoandra e de outro funcionário, somando seis membros encarcerados daquela missão. “A coordenadora da brigada médica cubana na Bolívia, Yoandra Muro, foi detida injustamente, juntamente com o oficial de logística Jacinto Alfonso Pérez", disse Eugenio Martínez, diretor da América Latina no Ministério das Relações Exteriores de Cuba.

Segundo Martínez, Yoandra foi presa em sua casa em La Paz e, "curiosamente" no momento da prisão, um carro da embaixada dos Estados Unidos estava estacionado "nas proximidades daquela casa". Mas o ministro das Relações Exteriores, Bruno Rodríguez, foi mais categórico em sua conta no Twitter e disse que "a embaixada dos EUA participa da instigação à violência contra médicos cubanos".

Rodriguez publicou uma foto do carro, anotou sua placa 28-CD-17 e escreveu o endereço onde ele estava no momento da operação policial. "Reiteramos nossa denúncia e pedimos às autoridades bolivianas que respondam pela responsabilidade que têm de proteger. Protejam os colaboradores cubanos e garantam sua integridade física", acrescentou Martínez.

A chancelaria cubana informa que irá repatriar 725 funcionários que estão em território boliviano desde o primeiro governo Morales. Segundo a chancelaria, os quatro cubanos, sendo dois médicos, detidos, foram abordados quando voltavam para casa "com o dinheiro sacado de um banco para pagar serviços básicos e aluguel dos 107 membros da Brigada Médica" que Cuba mantém em El Alto, cidade vizinha de La Paz.

Cuba "insta as autoridades bolivianas a impedirem a exacerbação de expressões anticubanas irresponsáveis e o ódio, difamação e instigações de violência contra cooperadores cubanos, que deram sua contribuição solidária à saúde desse irmão boliviano", afirmou o comunicado.

Contrainformação

Na onda de terror dos golpistas, um protesto acabou com ao menos 5 mortos. Segundo a imprensa local, eles eram plantadores de folha de coca e apoiadores de Evo Morales. Outras 26 pessoas ficaram feridas e outras 169 foram presas.

No Twitter, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos condenou o uso desproporcional da força e disse que o Estado tem obrigação de garantir o direito à vida e à integridade física daqueles que protestam pacificamente.

Milhares de apoiadores de Evo Morales tentavam chegar à cidade de Cochabamba para protestar contra a usurpadora Jeanine Áñez. A mobilização foi interceptada no rio Huayllani, perto de Sacaba, onde houve o confronto. Ainda de acordo com a imprensa local, os cinco mortos são: Emilio Colque, Juan López, Omar Calle, César Sipe e uma pessoa não identificada.

O comandante da Polícia de Cochabamba, coronel Jaime Zurita, numa clara operação de contrainformação, disse que os manifestantes "portavam armas, escopetas, coquetéis molotov, bazucas caseiras e artefatos explosivos". "Estão usando dinamite e armamento letal como (fuzis) Mauser 765. Nem as forças armadas, nem a polícia têm esse calibre, por isso estou alarmado", acrescentou Zurita.