Bolsonaro diz a aliados que sairá do PSL para criar o próprio partido

Jair Bolsonaro convidou deputados do PSL para uma reunião na tarde desta terça-feira (12) no Palácio do Planalto para informar que se desfiliará ainda hoje da legenda. No encontro, o presidente deve anunciar também a estratégia para criar uma legenda. Segundo o jornal O Globo, o presidente nacional do PSL, Luciano Bivar, foi informado de que Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro (RJ) assinaram a desfiliação na quarta-feira passada, mas não entregaram o documento até o momento ao partido.

Bolsonarismo

Um dos convidados à reunião de hoje, o deputado federal Bibo Nunes (RS) afirmou que vai aproveitar o encontro para manifestar também seu interesse em deixar o PSL quando houver uma janela legal para saída. Se deixar a legenda neste momento, ele corre o risco de perder o mandato. “É uma reunião para falarmos do momento político e o Bolsonaro anunciar a desfiliação dele do PSL. Assim, como eu vou anunciar que de fato já estou fora do PSL e quero que acelerem minha expulsão”, disse o parlamentar.

A crise no PSL começou após Bolsonaro pedir a um apoiador, na entrada do Palácio da Alvorada, para esquecer o PSL e que o presidente da legenda, Luciano Bivar (PE), está “queimado para caramba”. Em resposta, Bivar disse que Bolsonaro já estava afastado da sigla: “A fala dele foi terminal, ele já está afastado. Não disse para esquecer o partido? Está esquecido”.

Aliados do presidente também começaram a se articular para a criação de um novo partido. Já o PSL chegou a convocar uma reunião emergencial na Câmara com deputados e senadores para avaliar os desgastes após a declaração do presidente Bolsonaro.

De acordo com a Folha de S.Paulo, o PSL vai agir em diversas frentes para impedir que o partido que Jair Bolsonaro quer criar saia do papel antes de março de 2020, a tempo das eleições municipais. A sigla deve expulsar e pedir o mandato de parlamentares que apoiarem a criação da legenda bolsonarista – e vai incentivar suplentes a fazerem o mesmo. Em outra ponta, o PSL deve montar força-tarefa para impugnar as assinaturas que forem apresentadas a cartórios eleitorais.

Já na opinião de integrantes da base do governo, Bolsonaro vai impulsionar a divulgação da coleta de assinaturas para a nova agremiação nas próprias redes – e também vai estrelar vídeos institucionais no site do novo partido. Os artífices da nova legenda dizem que as adesões de políticos vão ocorrer em duas etapas: prefeitos, governadores e senadores virão antes; deputados e vereadores só ingressarão quando o partido estiver pronto e registrado.

Se não conseguirem abocanhar boa parte do fundo partidário do PSL levando mais da metade da bancada da sigla para a nova legenda, os advogados de Bolsonaro vão pedir que a parcela da verba que caberia aos deputados que deixarem o partido seja devolvida aos cofres da União.