Pedro Monzón: A “escravidão” dos médicos cubanos e outras falsidades 

Uma mentira foi imposta nas declarações de alguns líderes políticos, mas o pior é tentar demonstrar que a colaboração médica cubana é um ato criminoso. Por trás dessa tentativa estão os Estados Unidos. Agora os EUA pagarão US$ 3 milhões “a organizações que investigam, recolhem (…) informações sobre violações dos direitos humanos em Cuba, incluindo trabalho forçado nas chamadas missões médicas”.

Por Pedro Monzón*

Mais Médicos

Há notícias falsas que não afetam os interesses imediatos dos povos; portanto, causam confusão ou são ignoradas. No entanto, para que a campanha contra a colaboração cubana seja bem-sucedida, milhões de pessoas devem ser persuadidas: os povos beneficiados por muitos anos, os governos favorecidos e as instituições internacionais.

Também seria necessário convencer os próprios médicos cubanos que são escravos, ainda que, voluntariamente, venham oferecendo seus serviços internacionalistas. Esses são objetivos impossíveis, tanto como convencer a Assembleia Geral da ONU de que Cuba deve ser bloqueada.

A verdade é que, desde 1963, em 164 países, cerca de 1,6 bilhão de pessoas foram ajudadas graças ao trabalho de 407 mil dos nossos profissionais de saúde. Em acidentes de contaminação radioativa (como a tragédia de Tchernóbil), fenômenos climáticos ou epidemias perigosas (como o ebola), os colaboradores cubanos ofereceram a sua participação desinteressada e decisiva. Além disso, 35 mil médicos de 136 países estudaram em Cuba, incluindo brasileiros. Em resumo, um terço de toda a assistência médica mundial se apoia em Cuba, um fenômeno sem precedentes.

Apenas uma pequena parte dos nossos profissionais de saúde ficou encantada com promessas materiais, guiadas por propósitos ignóbeis. Raramente, em troca, alguns deles dão como desculpas falsos argumentos políticos. A grande maioria permanece nos projetos de solidariedade e compartilha a história do povo de Cuba, que nunca foi caracterizado pela subordinação dócil a imposições de nível político. Se houvesse tentativas de escravizá-los, a reação teria sido uma rebelião abrupta.

Os médicos cubanos são solidários porque seu trabalho não está ligado ao mercado ou a política, mas a sentimentos humanos. Por outro lado, eles são bem remunerados no exterior e em Cuba, onde mantêm seu salário e emprego. O dinheiro restante não vai para um fluxo privado, senão para fundos que financiam um dos sistemas de saúde gratuitos mais sofisticados do mundo, o cubano; bem como o apoio de países pobres que recebem serviços médicos em solidariedade.

O Brasil tem sido um dos mais beneficiados. Antes do Programa Mais Médicos, mais de 800 mil brasileiros nunca haviam tido assistência médica. Em cinco anos, os cubanos trataram de 113,359 milhões de pacientes e cobriram 3.600 municípios – 700 deles nunca tiveram um médico.

A qualidade e o humanismo de seu trabalho só podem ser qualificados pelos depoimentos de admiração e carinho daqueles cidadãos brasileiros, que hoje não possuem cobertura de saúde, o que nos entristece.

Em suma, essa nova perseguição contra Cuba é tão implacável quanto inútil e desumana.

* Pedro Monzón é cônsul-geral de Cuba em São Paulo