Governo Bolsonaro improvisa no combate ao vazamento de óleo

O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), afirmou que o governo federal trata com improviso o vazamento de óleo que já atingiu 201 localidades nos nove estados do litoral nordestino. “É o maior acidente ambiental da história do Brasil e não pode ser tratado, depois de 50 dias, da forma improvisada como a gente está vendo”, declarou.

Paulo Câmara - Heudes Regis

Paulo Câmara disse esperar que o governo federal implemente o Plano Nacional de Contingenciamento para Incidentes de Poluição por Óleo, após determinação da Justiça Federal de Pernambuco.

O socialista cobrou ainda que é preciso achar a origem do vazamento. “Precisa-se identificar a origem, precisa-se que o plano de contingência funcione, essa questão já ocorre há quase 50 dias no Brasil”.

Equipes articuladas pelo Governo de Pernambuco retiraram desde a semana passada, até esta segunda-feira (21), 257 toneladas de óleo em praias do litoral do Estado. Somente nas últimas 24 horas foram recolhidas 186 toneladas de resíduos de petróleo.

Desde o início de outubro, municípios dos nove estados nordestinos registraram presença de manchas de óleo no litoral. Ainda não se sabe exatamente sobre a origem do petróleo, mas as análises já apontaram que o produto não é de origem brasileira.

Mobilização

O Governo de Pernambuco mantém um efetivo calculado em 400 pessoas de diversos órgãos. São equipes de limpeza, supervisão, técnicos e analistas, que utilizam um helicóptero, dez embarcações e 30 viaturas.

As equipes trabalham na instalação de bóias de contenção nos estuários, remoção do óleo coletado para o aterro sanitário, recolhimento de manchas ainda em alto mar e nas praias, distribuição de EPIs e sobrevoos diários para localização do poluente no mar.

Equipes da Secretaria estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e CPRH fizeram a distribuição de mais de 1.700 botas, sete mil luvas, 16 mil mascaras, 3.300 sacos plásticos e 4.500 sacos de ráfia, 640 bags e mil rolos de manta absorvente para os voluntários e equipes do Governo.

O efetivo do Porto do Recife, por sua vez, está desde a sexta-feira executando o monitoramento em alto mar. Mais de nove mil metros de mantas absorventes, cerca de três mil metros de barreiras e quatro barcos foram disponibilizados pela empresa. A força tarefa para o trabalho de coleta do petróleo tem sido feito em expedientes de 10 a 12 horas seguidas.

Todo o material recolhido está sendo acondicionado em caixas estacionárias, distribuídas nos municípios atingidos. Duas empresas de gerenciamento de resíduos perigosos estão em operação de coleta e transporte do produto, que são encaminhados ao Centro de Tratamento de Resíduos (CTR) Pernambuco, localizado na cidade de Igarassu.

Até o domingo (20) foram instalados dois mil metros de barreiras de contenção, sendo 1.645 do Governo do Estado e o restante da Petrobras.

O Governo do Estado anunciou o reforço nas ações. A partir desta terça-feira (22) equipes da pasta estarão trabalhando permanentemente nas cidades de São José da Coroa Grande, Tamandaré, Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho, oferecendo suporte e apoio nas ações de controle e monitoramento.

As manchas de óleo voltaram a surgir em Pernambuco na quinta-feira (17), em São José da Coroa Grande, primeira cidade após a divisa com Alagoas.

Foram atingidos, em outubro, além de São José da Coroa Grande, os municípios de Barreiros, Tamandaré, Rio Formoso, Sirinhaém, Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho.