Ciro Gomes diz que já são 62,7 milhões de devedores no Brasil

O vice-presidente nacional do PDT, Ciro Gomes, apresentou nesta terça-feira (8) a terceira fase do Observatório Trabalhista com a atualização do terceiro trimestre do governo Bolsonaro. O presidente nacional da sigla, Carlos Lupi, abriu o evento realizado na sede nacional do partido em Brasília, com a presença de integrantes da bancada federal.

Ciro Gomes - Divulgação

Segundo Ciro, o índice de pessoas inadimplentes, com restrição no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), já atinge 62,7 milhões.

De acordo com os dados, 44% da renda das famílias brasileiras está comprometida com o pagamento de dívidas, sendo que 78,6% desse total é referente ao cartão de crédito, onde a taxa de juros é a maior.

“Estamos tentando produzir um avanço no debate da política e do desenvolvimento do Brasil”, frisou Ciro, ao destacar o papel do Observatório Trabalhista como uma ferramenta colaborativa, aberta à população, para receber sugestões de indicadores.

Ciro colocou em prática o posicionamento do PDT de realizar uma oposição propositiva ao atual governo e apontou as raízes estruturais da crise que assola o Brasil, de acordo com os índices levantados nas áreas da economia, segurança-pública, saúde, educação e, a mais recente, meio ambiente.

Crise econômica

Ao lado dos cerca de 13 milhões de desempregados do País, figura outro indicador igualmente preocupante: uma queda acentuada no número de empregados com carteira de trabalho assinada.

Como comparação, Ciro mencionou os números relativos a 2011, quando Carlos Lupi estava à frente do extinto Ministério do Trabalho e Emprego e o número de trabalhadores com carteira assinada chegou a 53 milhões, contra os 36 milhões do atual governo. Número que tem caído progressivamente.

“O exército de reserva potencial da violência”, alertou Ciro, ao falar do percentual de 27% dos jovens entre 18 e 24 anos que não têm acesso à educação e nem ao trabalho. Nesse ponto, o pedetista mencionou a ação do narcotráfico, que arregimenta esses jovens ociosos das periferias do País, levando-os para a criminalidade.

Outro grupo que integra a faixa de risco da criminalidade compreende os 23% dos jovens entre 15 e 18 anos, que não têm acesso à educação e, também, não encontram trabalho. Aliás, esse é único índice relativo à educação referente a 2019. Até a presente data, o Ministério da Educação simplesmente omitiu todos os índices deste ano relativos à pasta, o que também foi alvo das críticas contundentes de Ciro e de Lupi.

Precariedade do SUS

A queda progressiva da renda do brasileiro também traz um reflexo dramático na área da saúde. Hoje, 77,6% da população brasileira depende do Sistema Único de Saúde (SUS), dos quais 22% é composta por pessoas que, devido ao agravamento da crise, deixaram de pagar um plano de saúde.

De acordo com Ciro, esses dados demonstram a importância de se valorizar o SUS que, devido à falta de investimentos, tem deixado milhares de pessoas desassistidas devido à precariedade do sistema.

Outro sintoma igualmente grave, decorrente da falta de investimento na saúde, está ligado à imunização contra doenças. “A cobertura vacinal no Brasil está no pior nível da história. Não por acaso, já morreram sete paulistas com sarampo”, lamentou Ciro, que voltou a mencionar o fato de que, quando Bolsonaro assumiu, o Brasil era um país internacionalmente certificado como área livre de sarampo.

“Em 2019, a taxa de vacinação despencou a um nível criminoso. A tríplice, que é contra a coquiluche, difteria e tétano, caiu de 90% para 57%, tudo comparado ao mesmo período. Nós estamos arriscados a poliomielite que está erradicada”, alertou Ciro.

“No meu governo [no Ceará], nós comemoramos a erradicação da poliomielite, que [no atual governo], saiu de 86% para 51%. A meningite de 86% para 53%, as hepatites A e B de 86 para 53%, e o número absoluto de imunizações caiu de 114 milhões, que era praticamente universal, para 32 milhões de pessoa.”

“Isso é um verdadeiro crime, que está puxando de volta a possibilidade de doenças revogadas no Brasil. É um absurdo você cair de 78 para 45% de cobertura vacinal em um país como nosso”, afirmou Ciro.