De Olho no Mundo, por Ana Prestes

A cientista política e especialista em relações internacionais, Ana Maria Prestes, apresenta os principais fatos que se sobressaem no cenário internacional. Nesta segunda-feira (7) ela destaca a eleição para o Conselho de Direitos Humanos da ONU. 

Conselho dos Direitos Humanos da ONU - Foto: @jaarreaza/AVN

No próximo dia 15 de outubro serão eleitos os dois países latino-americanos que terão assento no Conselho de Direitos Humanos da ONU entre 2020 e 2022. Até então somente Brasil e Venezuela estavam no páreo, agora Costa Rica manifestou sua candidatura. A eleição será uma espécie de termômetro da popularidade internacional do Brasil sob Bolsonaro.

Por falar em política externa do Brasil de Bolsonaro, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, deixou a Alemanha sem acordo sobre o Fundo Amazônia.

Portugal teve eleições legislativas no dia de ontem (6) e seguirá sendo governado pelo Partido Socialista com o apoio do Bloco de Esquerda e do Partido Comunista. O premiê Antonio Costa ampliou sua base parlamentar e seu partido, PS, está agora com 106 cadeiras (são necessárias 116 para maioria). O Bloco de Esquerda fez 19 cadeiras e a CDU 12 (verdes e comunistas). O parlamento terá 38% de mulheres. O partido que apoiou Bolsonaro obteve 0,3% dos votos.

O final de semana foi de tensão com o eminente ataque turco aos curdos na fronteira com a Síria. As tropas norte americanas foram retiradas da região e o terreno estaria “livre” para Erdogan atacar os curdos. O governo da Turquia classifica as milícias curdas como “terroristas” e segundo o ministro de relações exteriores, Mevlut Cavusoglu, os turcos vão “limpar o norte da Síria de terroristas”.

Seguem as investigações sobre Trump na Câmara de Representantes dos EUA. O último depoimento à comissão de investigação foi do ex-enviado dos EUA à Ucrânia, Kurt Volker. Ele renunciou logo após a revelação do conteúdo da conversa telefônica entre Trump e Zelensky que originou o pedido de impeachment. Segundo Volker, ele havia avisado ao advogado de Trump, Rudy Giuliani, que as suspeitas que pairavam sobre os Bidens na Ucrânia eram infundadas. Nos últimos dias a comissão também intimou a Casa Branca a entregar até o dia 18 documentos que já haviam sido pedidos há um mês e ainda não chegaram ao congresso. Um alerta foi feito ao chefe de gabinete de Trump, John Mulvaney, de que se ele não cumprir a ordem pode ser acusado de obstrução de justiça. Enquanto isso, um segundo delator do caso se apresentou. Ele também é agente da inteligência, como o primeiro.

Um relatório produzido pela UNCTAD e divulgado pela ONU sobre Economia Digital (2019) demonstra com detalhes a ameaça que a China representa para a supremacia tecnológica dos EUA. Nas palavras do relatório: “a geografia econômica da economia digital não apresenta a tradicional divisão Norte-Sul. Ela é liderada de maneira consistente por um país desenvolvido e um em desenvolvimento: os Estados Unidos e a China”. O relatório revela também que os chineses estão na frente no número de patentes relacionadas ao 5G, sendo que a Huawei detém o maior número de patentes de 5G e seus maiores concorrentes são sul-coreanos e europeus e não americanos. (Ótima matéria da Claudia Trevisa sobre o tema no Estadão).

Boris Johnson segue na encruzilhada e pode pedir um adiamento do Brexit à União Europeia caso não haja acordo com Bruxelas até o dia 19 de outubro. Apesar desta informação não constar em seus anúncios públicos.

Maduro disse que vai à Coreia do Norte. Enquanto isso, o principal negociador da Coreia do Norte, Kim Miyong Gil, disse que as discussões com os EUA sobre o programa nuclear de Pyongyang fracassaram em Estocolmo no último final de semana. Já o porta-voz do governo americano para o encontro, Morgan Ortagus, disse à imprensa que “os comentários precoces da delegação a Coreia do Norte não refletem o conteúdo nem o espírito da discussão de oito horas e meia” em Estocolmo.

Ainda sobre a Venezuela, o final de semana foi de anúncios da renovação da parceria na área militar com a Rússia.

A pré-candidata democrata Elizabeth Warren tem crescido na intenção de votos, enquanto Biden e Sanders caíram. O grande desafio dela tem sido conquistar o voto da comunidade negra.

A oposição boliviana aproveita a crise de incêndios florestais ocorrida na Bolívia e realizou manifestações anti-Evo no final de semana em Santa Cruz de la Sierra.

Segue a crise de governabilidade no Peru após o presidente Martin Vizcarra dissolver o congresso de maioria fujimorista e convocar eleições legislativas para o dia 26 de janeiro. Pesquisas divulgadas pela imprensa mostram apoio da população à medida.

Segue também a crise no Equador após a revolta popular desencadeada com o anúncio do presidente Lenin Moreno de fim dos subsídios aos combustíveis. O dia de hoje (7) será um teste para o governo, com tentativa de voltar o país à normalidade. Em pelo menos 6 províncias do país os indígenas mantém os bloqueios nas estradas. Cerca de 47 militares foram feitos reféns na comunidade Nizag, em Chimborazo.

Na Argentina, as últimas pesquisas de intenção de votos revelam uma diferença de 24% entre Fernández e Macri. A chapa peronista teria 54% das intenções contra 30% de Macri.

O final de semana também foi de eleições parlamentares na Tunísia. Foram cerca de 16 mil candidatos de mais de 200 partidos para ocupar 217 assentos na Assembleia dos Representantes do Povo. Os dois grupos que podem ter mais votos são o Ennahdha, partido islâmico, e o Qalb Tounes, partido comandado por um milionário da mídia que está preso.

Eleições também foram realizadas em Kosovo. Após uma década de independência não reconhecida pela Sérvia, o pleito elegeu a oposição aos atuais governantes que lideraram o movimento independentista.

Governo alemão anunciou que os próximos 18 meses são fundamentais para o futuro do acordo Mercosul – União Europeia.

Em Israel segue o empate catastrófico que impede a formação de um governo.

O final de semana foi de mais conflitos nas ruas de Hong Kong.