Evo Morales rechaça agressão fascista na Bolívia

O presidente da Bolívia, Evo Morales, rechaçou as agressões realizadas na quinta-feira (12) por mercenários, que invadiram e depredaram sedes de campanha do Movimento ao Socialismo (MAS) em Santa Cruz, deixando várias pessoas feridas, qualificando de “conspiração contra a democracia e, sobretudo, contra os seus defensores, que são os movimentos sociais”.

Por Leonardo Wexell Severo, da Hora do Povo

Ataque fascista Bolivia

 “Não façam este jogo, isso não dura, isso o povo não suporta, com certo fascismo, racismo, isso dá uma má imagem. São elementos pagos, algo condenável, que rechaçamos. Não aceitamos essa forma de fazer política, alertou Evo, conclamando a mais ampla unidade em torno da democracia e da soberania nacional.

O ministro de Governo, Carlos Romero, denunciou que indivíduos pagos pela direita radical, armados de paus e tacos de basebol, atacaram os locais de campanha, agredindo covardemente crianças, mulheres grávidas e jovens indefesos, pelo simples fato de se identificarem com o partido do presidente.

Sujeitos reconhecidos como membros da União Juvenil Cruzenhista, portando bandeiras do 21F (21 de fevereiro, o “Dia da Mentira”, quando a oposição, patrocinada pelos Estados Unidos, manipulou o referendo democrático sobre a reeleição), começaram a lançar pedras contra os locais de campanha do MAS. Depois de as tomarem pela força, os marginais passaram a agredir as pessoas no seu interior, quebrando e queimando o que viam pela frente.

“Essa direita radical que se disfarça de oposição política lançou uma série de mensagens no sentido de que é preciso se mobilizar desde o dez de outubro, com uma greve por tempo indeterminado, representa uma conspiração contra a democracia”, declarou Romero. Para o ministro, “não tem outro nome” chamar uma paralisação às vésperas das eleições presidenciais de 20 de outubro.

“Contratam mercenários, os organizam, distribuem paus, tacos de basebol, partem para agredir, quebrar a cabeça de gente humilde, que está fazendo campanha, defendendo suas ideias”, denunciou o ministro, lembrando que “atacam as sedes do MAS e, como vis ladrões, também levam os computadores”.

O ministro lembrou que este mesmo quadro de terror foi vivido em 2008, quando grupos delinquentes dos departamentos da chamada “Meia Lua” (Santa Cruz, Beni, Pando e Tarija) atacaram e depredaram instalações governamentais.

Naquela oportunidade viajei pelo país, podendo documentar no meu livro “Bolívia nas ruas e urnas contra o imperialismo” o capachismo da oligarquia pró-EUA que, diante da política desenvolvimentista e de nacionalização, buscou fracionar a Bolívia, quase levando o país à guerra civil. Uma das demonstrações mais repugnantes da selvageria racista ocorreu em Sucre, no dia 24 de maio daquele ano, quando dezenas de camponeses foram despidos, agredidos e humilhados em praça pública pelos racistas que os obrigaram a “pedir perdão”.

Neonazistas em Santa Cruz

Recordo de ter registrado a mesma ambição nas pichações com os dizeres “Evo vai morrer em Santa Cruz”; do carro da União Juvenil Cruzenhista e sua suástica tentando ressuscitar o nazi-fascismo; da vidraça do belo prédio da recém-nacionalizada Entel (empresa de telecomunicações) completamente estilhaçada; da depredação e do assalto das instituições públicas, que deixaram danos de mais de US$ 110 milhões. Entre os imensos prejuízos que pudemos documentar, o saque da Coordenação dos Povos Étnicos de Santa Cruz (Cpesc), completamente demolida pelos vândalos. Muitos dos prédios e escritórios precisaram ser inteiramente reconstruídos e reequipados, comprometendo temporariamente o ritmo do avanço da reforma agrária e da política indigenista.

Suástica em carro da União Juvenil Cruzenhista (Foto: Emílio Diaz)

Em 2019, o mesmo furor antidemocrático se repete, e com força: no departamento de Santa Cruz foram atacados o canal 7, a Rede Pátria Nova (rádio), o centro de telecomunicações do Estado e o Instituto Nacional de Reforma Agrária (INRA). Em Beni, esses mesmos grupos tomaram três aeroportos. Em Tarija, o Comitê Cívico de Villa Montes fechou uma válvula do duto Gasyrg (Transierra), que transporta gás natural para o Brasil e na região do Chaco de Santa Cruz tomaram e fecharam o campo de gás de Vuelta Grande.

Para o ministro, o objetivo de tamanha agressão é provocar mortos para desprestigiar o governo. Entre os feridos desta quinta-feira em Santa Cruz encontram-se uma criança – que sofreu um traumatismo craniano – uma mulher grávida, seis pessoas que estavam na sede da candidata ao Senado, María Renée Liévana, e seis policiais.

Acionada, a polícia conseguiu prender cerca de 30 marginais, que foram conduzidos a celas da Força Especial de Luta Contra o Crime.