Ricardo Kotscho: Como a família Bolsonaro ameaça a nossa democracia

“Não há como aceitar uma família de ditadores” (Felipe Santa Cruz, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil)
 
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Enquanto o chefe do clã se recupera no hospital, os filhos cuidam de manter vivas as ameaças à democracia brasileira.

Por Ricardo Kotscho

Eduardo Bolsonaro

Carlos Bolsonaro, o 02, publicou com todas as letras nas redes sociais esta barbaridade:

“Por vias democráticas a transformação que o Brasil quer não acontecerá na velocidade que almejamos… e se isso acontecer. Só vejo todo dia a roda girando em torno do próprio eixo e os que sempre dominaram continuam nos dominando de jeitos diferentes!”

Como dessa vez não cometeu erros de português, presume-se que tenha pensado bem antes de escrever e submetido o texto a instâncias superiores.

Na mesma hora em que a mensagem provocava reações indignadas de lideranças democráticas da sociedade civil e do Congresso, seu irmão mais novo, 02, futuro embaixador do Brasil nos Estados Unidos posava ao lado do pai na cama do hospital, exibindo ostensivamente um revólver na cintura. É para ninguém mais ter dúvidas sobre o que eles pensam fazer do Brasil.

Ambos são discípulos do maluquete caquético Olavo de Carvalho, autoexilado nos Estados Unidos, que se acha o mentor da revolução que levou Jair Bolsonaro ao poder, e já recebeu agradecimentos do clã por esta proeza.

Carlos, chamado pelo pai de “pitbull” e mais conhecido por Carlucho, gaba-se de já ter derrubado dois ministros (Gustavo Bebianno e o general Santos Cruz). Eduardo é o filho que ameaçou fechar o STF com um cabo e um soldado montados num jipe.

Na manhã desta terça-feira, sem dar maiores explicações, o 02 pediu licença não remunerada à Câmara Municipal do Rio, onde combatia à sombra como vereador. Em sua coluna, no Globo, Lauro Jardim comentou:

“Espera-se apenas que ele não tenha se licenciado para ajudar a aumentar a velocidade das transformações democráticas que almeja”

Na mesma hora, o 03 apareceu numa reunião com empresários na Firjan, a Federação das Indústrias do Rio, e foi logo avisando que estava armado, mas não era para ninguém ter medo. Pois o Brasil democrático, ou o que sobrou dele, está com muito medo dessa gente que saiu das catacumbas milicianas da política para o poder central, sob o patrocínio de generais e do mercado.

Eles não têm limites e agem à luz do dia para abalar os alicerces do Estado de Direito, das instituições e da soberania nacional. Ninguém parece capaz de contê-los. Vida que segue.