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Filme expõe triângulo amoroso entre sobreviventes da ditadura militar 

Miguel, Maria Eugênia e Lúcia são ex-militantes políticos que resistiram – e sobreviveram – ao regime militar brasileiro (1964-1985). Hoje, eles têm entre 65 e 70 anos e vivem um triângulo amoroso – mas sob o pano de fundo da ditadura. É em torno dessa relação que gira Amores de Chumbo, primeiro longa-metragem de ficção da premiada cineasta pernambucana Tuca Siqueira. Assista ao trailer.

Amores de Chumbo

Diretora e co-roteirista do filme, que foi rodado no Recife, Tuca Siqueira construiu uma trama permeada por segredos, inversões de culpa e afetos interrompidos. O elenco é sustentado por um trio de intérpretes da dramaturgia brasileira: Juliana Carneiro da Cunha, bailarina carioca radicada na França (integrante do Thêtare du Solei); Augusta Ferraz, referência do teatro pernambucano; e o ator e dramaturgo Aderbal Freire Filho, que não participara de um projeto para o cinema havia dez anos.

“O filme é um movimento de resgate dentro de uma perspectiva original”, explica a produtora Mannu Costa. “Na atualidade, trata de um período histórico brasileiro, utilizando cenários da região Nordeste, para falar de relações amorosas e sexuais entre pessoas com mais de 60 anos, comunidade pouco explorada na cinematografia brasileira.”
Amores de Chumbo questiona os limites individuais numa trama de conflitos que se desenrola à medida que segredos guardados há mais de 40 anos aparecem. Um triângulo amoroso misterioso é o ponto central da trama. Muitos sentimentos confluem na história, baseada nas virtudes e fragilidades dos personagens. O filme trata da capacidade do ser humano em cometer erros – e do quanto um determinado contexto social e político pode interferir na vida das pessoas, numa perspectiva que é ao mesmo tempo individual e coletiva.

Quarenta anos separam Maria Eugênia, ou Maê (Juliana Carneiro da Cunha), escritora pernambucana radicada na França, do casal Miguel (Aderbal Freire Filho) e Lúcia (Augusta Ferraz), que acaba de comemorar união matrimonial de quatro décadas. O retorno de Maê suscita dúvidas e desconfianças há muito tempo guardadas.

Miguel, professor de Sociologia e ex-preso político, deseja encarar a verdade, e Lúcia, parceira de vida que se dedicou a tirá-lo da prisão, quer fugir dela. É pelo ponto de vista desses três personagens centrais que conhecemos acontecimentos políticos e sociais dos anos de chumbo no Brasil – uma história que mudou o rumo de muitas vidas.

Cineasta, roteirista, jornalista e fotógrafa, Tuca Siqueira é uma diretora pernambucana com diversos prêmios e incursões em curadorias, júri de festivais, oficinas e workshops, ministrando aulas em diferentes áreas do audiovisual, tais como roteiro, videoarte, realização e montagem. Formada em Comunicação (UFPE), com especialização em Estudos Cinematográficos (UNICAP-PE), produziu o primeiro filme na conclusão do curso, em 2003, ao realizar o premiado curta-documentário Homine – Costurando Identidades Urbanas, que circulou por vários festivais.

Em 2008, com o curta O Caso da Menina, ganhou na categoria de melhor vídeo do Festival Pernambucano de Vídeo. Em 2011, assinou a curadoria, junto à cineasta Alice Gouveia, do projeto Olhares sobre Lilith, filmografia do livro As Filhas de Lilith, de Cida Pedrosa, composto por 26 curtas e com a participação de 22 diretoras convidadas.

Entre 2012 e 2014, lançou o curta-metragem documental Garotas da Moda (vencedor do Prêmio Lucas Marcier no Festival Visões Periféricas-RJ e eleito melhor filme no Festival de Vídeo de Teresina, em 2012); o longa-metragem A Mesa Vermelha, além das séries documentais televisivas A Torre e o Dirigível dos Sonhos e O Vento que me Visitou, todos sob seu roteiro e direção. No fotojornalismo, publicou dois livros e participou de exposições individuais e coletivas.