Comissão geral da Câmara responsabiliza Bolsonaro pela crise ambiental

O Plenário da Câmara foi transformado em comissão geral para debater a preservação e a proteção da Amazônia. A sessão especial reuniu parlamentares, especialistas, representantes de ONGs e movimentos sociais, que criticaram a postura de Bolsonaro e do ministro Ricardo Salles frente ao desmatamento e aumento das queimadas na floresta.

Por Walter Félix, do PCdoB na Câmara

Comissão geral - Pablo Valadares/Agência Câmara

O Plenário da Câmara dos Deputados foi transformado, nesta quarta-feira (4), em comissão geral para debater a preservação e a proteção da Amazônia.

Aberta pelo presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a sessão especial reuniu parlamentares de vários partidos, especialistas, representantes de organizações não governamentais (ONGs) e movimentos sociais. Os participantes criticaram a postura do presidente Jair Bolsonaro e do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, frente ao quadro crítico do desmatamento e aumento das queimadas na floresta.

O tema tem mobilizado o país inteiro, além de causar grande repercussão internacional, desde que o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou um aumento descontrolado no desmatamento ilegal e do número de queimadas criminosas na região Amazônica. Também chamou atenção a forma como o governo tentou desacreditar os dados científicos.

Segundo o Inpe, o número de queimadas na região passou de 10,4 mil em agosto de 2018 para 30,9 mil no mesmo mês de 2019. O recorde anterior foi em 2010, quando foram registrados 45 mil focos de incêndio na Amazônia brasileira.

Ao longo da sessão, deputados destacaram ainda a importância da soberania brasileira sobre a região. A deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) rebateu a narrativa que o governo Bolsonaro tem propalado sobre a questão, ressaltando que o domínio territorial na região passa pela proteção da floresta e do povo que dela depende.

“Nós, amazônidas, não aceitamos o discurso de internacionalização da Amazônia. A Amazônia é patrimônio dos brasileiros. Mas também não aceitamos a irresponsabilidade do governo Bolsonaro, que não cuida da Amazônia e, agora, inventou um discurso nacionalista. Essa roupagem de nacionalista não cabe no governo Bolsonaro”, afirmou.

Perpétua Almeida ressaltou que é cuidando da Amazônia que o governo brasileiro vai exercer sua soberania na região, mas observou que a gestão atual “fechou os olhos para o desmatamento, fechou os olhos para as queimadas criminosas que estão acontecendo”.

“Bolsonaro não exerce nossa soberania sobre a Amazônia. Porque soberania é cuidado. E cuidar da Amazônia é olhar para os povos indígenas da região, é olhar para a floresta, para o seringueiro, o castanheiro, o ribeirinho. Mas o que fez o governo? Depenou o Ibama, desestruturou os órgãos ambientais, só porque não concorda com eles”, disse.

Para a vice-líder da Minoria, deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), o avanço de desmatamento e o aumento das queimadas é consequência direta do desmonte da estrutura de fiscalização. “Ao desativar os organismos fiscalizadores, retirar recursos da pesquisa, descredibilizar o Inpe, a maior autoridade técnico-científica para o diagnóstico amazônico, o governo efetivamente estimulou as queimadas”, assinalou.

O deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), um dos autores do pedido para a realização da comissão geral, destacou que, além de espalhar ódio e dividir o país, presidente da República tem mostrado pouco apreço pelo futuro das florestas que cobrem o país.

“Bolsonaro e Salles (ministro do Meio Ambiente) infelizmente parecem comprometidos com a destruição da Amazônia e a dizimação de povos indígenas, colocando em risco as exportações e o desenvolvimento da economia brasileira”, declarou.