FHC diz que falta de reação das instituições é preocupante

O ex-presidente disse que “temos que cuidar o tempo todo da democracia, para que ela floresça".

FHC

Fernando Henrique Cardoso lembrou, em entrevista à Rádio Metrópole, a frase célebre do ex-deputado e ex-governador da Bahia sobre a fragilidade da democracia. "Teve um baiano, Octávio Mangabeira, que dizia que a democracia era uma plantinha que deveria ser regada para florecer. É isso que acontece com o Brasil. Temos que cuidar o tempo todo da democracia, para que ela floresça. Esses ímpetos um tanto autoritários, que às vezes aparecem, e uma falta de reação pronta das instituições é preocupante", definiu.

Apesar de considerar que o Congresso Nacional atua de "maneira adequada" e não se considerar "pessimista" quanto ao Judiciário, FHC avalia que há "algum exagero" na espécie de autorreferência feita por alguns juízes.

"Mas me preocupa muito que não cuidemos das instituições. Eu levei meus anos de governo tentando fortalecer as instituições. Todas as vezes que você diminui essa preocupação institucional, o personalismo volta a se posicionar com força. Vem da nossa cultura ibérica, o corporativismo e personalismo, o 'eu mando e eu faço'. Isso não dá certo para as instituições e nem para o povo, que acabam sem opinar em nada", avalia.

Ele descarta que os militares estejam envolvidos no suposto enfraquecimento das instituições.

"Não sei se tem um projeto, talvez nem tenha. Mas isso está acontecendo em vários países do mundo. Passou a época de golpe militar. Os militares não estão nessa. São os próprios governantes que vão debilitando as instituições e de repente, quando você ve, a democracia passa a ser uma forma de autoritarismo", continua.

FHC cita, por exemplo, um episódio em que ele era presidente e proprietário de um terreno ocupado pelo Movimento Sem Terra (MST).

"Apelei à Justiça, antes de mandar invadir. É fundamental, principalmente no que diz respeito às coisas pessoais, que a pessoa se iniba de tomar decisões que possam ser interpretadas como benefício próprio. Sempre que houver interferência, dá a sensação de que seja feito algo porque deseja algo", completou.