Flávio Dino: Patriotismo de verdade

O 7 de setembro se aproxima, desta feita estimulando um debate compatível com os tempos estranhos em que vivemos.

Por Flávio Dino

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A poucos anos de nosso bicentenário como nação independente, a soberania tem sido levantada como bandeira para ocultar poderosos interesses, inclusive estrangeiros. Ou estimular falsos debates que não nos levam às soluções concretas que nosso povo necessita.

O debate recente sobre a Amazônia passou por essa seara. Ao se confundir a justa cooperação internacional com interferência nos interesses nacionais, quase perdemos a oportunidade de uma importante ajuda no combate aos incêndios florestais.

A defesa da soberania sobre nosso território é um imperativo constitucional. Devemos exercer a soberania na prática, mediante a implementação de políticas públicas em favor de todos os nossos compatriotas, sem qualquer preconceito ou discriminação.

Temos feito assim aqui, na parte do território brasileiro que nos cabe administrar, atuando permanentemente em relação aos temas que demandam nossa atenção, nos limites do que é legalmente possível e financeiramente suportável. Por exemplo, nessa emergência ambiental, os nossos bombeiros e policiais estão atuando com muita dedicação, em varias áreas do nosso Estado. Inclusive temos mantido a cooperação com órgãos federais, como o Exército, mediante ações de monitoramento, treinamento e combate a focos de fogo. Em momentos de crise, qualquer que seja ela, temos de unir esforços. Não dispersar forças em falsas polêmicas.

O mesmo pressuposto vale para analisar recentes rusgas com alguns dos nossos principais parceiros comerciais. A quem interessa esse conflito? Aos empresários e trabalhadores brasileiros, é certo que não. Nunca é demais lembrar que os interesses de outros países já são defendidos por quem de direito. Os Estados Unidos, por exemplo, já têm seus objetivos estratégicos defendidos pelo seu governo. Aos governantes brasileiros cabe defender os trabalhadores e empresários do Brasil, e não ficar a toda hora se oferecendo para servir de linha auxiliar e subalterna aos Estados Unidos. Frisamos esse aspecto porque uma política externa responsável deve respeitar todos os nossos parceiros, refutando posturas agressivas seletivas, que muitas vezes servem para ocultar interesses estratégicos de terceiros.

O verdadeiro patriotismo é 100% verde e amarelo, não só na fachada ou na roupa, mas sobretudo nas ações concretas. E temos que sempre lembrar: o verde representa as nossas florestas, que devem ser cuidadas como um grande patrimônio nacional.

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Governador do estado do Maranhão (PCdoB)