Fogo na floresta pode gerar crise entre Bolsonaro e a Igreja Católica

Em outubro, bispos irão a Roma para discutir com o papa Francisco a atuação da Igreja na região amazônica; governo teme se tornar alvo de críticas durante o encontro, após crise ambiental.

(Foto: Reprodução)

A fala do papa Francisco domingo (25) sobre os incêndios na Amazônia, antes de rezar o Angelus com os fiéis na Praça de São Pedro, no Vaticano, teve repercussão. "Estamos todos preocupados com os grandes incêndios que se desenvolveram na Amazônia. Oremos para que, com o empenho de todos, sejam controlados o quanto antes. Aquele pulmão de florestas é vital para o nosso planeta", disse o chefe máximo da Igreja Católica, conforme relata a BBC News Brasil.

O discurso do papa tocou em um assunto que é motivo de preocupações a 8.901 quilômetros dali, no Palácio do Planalto, em Brasília. A repercussão internacional das queimadas ao longo da semana passada reavivou no governo de Jair Bolsonaro (PSL) a preocupação com possíveis críticas ao governo brasileiro no Sínodo da Amazônia. Trata-se de uma reunião de bispos dos países da região amazônica com o papa Francisco para discutir a atuação da Igreja Católica na área.

Segundo a BBC News Brasil, o encontro acontece de 6 a 27 de outubro, em Roma. Participarão do encontro 102 bispos de nove países, sendo 57 brasileiros. Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname, Venezuela e Guiana Francesa (departamento ultramarino da França) também enviarão representantes. Um revés no Sínodo contribuiria para aumentar o desgaste internacional do país.

General

Na semana passada, o governo brasileiro despachou para a Itália o novo embaixador brasileiro junto à Santa Sé, o diplomata de carreira Henrique da Silveira Sardinha Pinto – o nome dele foi aprovado pelo plenário do Senado em meados de junho. O diplomata foi instruído a tratar da questão do Sínodo com representantes do Vaticano.

O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, falou sobre o tema ao jornal O Estado de S. Paulo, no começo desta semana. Segundo Heleno, o governo espera que o encontro se limite a questões religiosas — sem fazer críticas a governos específicos ou a políticas públicas dos países da região.