Bolsonaro abre porteira ao crime ambiental na Amazônia, diz deputada

Por incentivar mineração em terras indígenas e agir para acabar com o Fundo Amazônia, um programa de combate ao desmatamento e de desenvolvimento sustentável, Jair Bolsonaro abriu a porteira da degradação ambiental na região.

Amazônia queimada - Revista Fórum

É o que avalia a deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) para quem o presidente não dá a menor importância às questões ambientais.

Segundo ela, Bolsonaro está levando o país uma completa desmoralização, abrindo espaço para os oportunistas e irresponsáveis que defendem a internacionalização da Amazônia brasileira.

“Bolsonaro nunca se conformou com a multa que o Ibama lhe aplicou pela prática de crime ambiental. Então, tudo o que ele puder fazer para acabar com o órgão, ele vai fazer. Bolsonaro abre a porteira da degradação ambiental na Amazônia, quando incentiva mineração em terras indígenas e dá sinais de que quer extinguir algumas reservas ambientais”, discursou no plenário da Câmara nesta terça-feira (20) à noite.

“Agora, ele também detona o Fundo Amazônia, que sobrevivia com as contribuições da Alemanha e Noruega, sustentando parte das ações do Ibama e dos projetos de uso sustentável da floresta. Perder o apoio dos que mais contribuem significa perder quase 300 milhões de reais em investimentos em projetos ambientais. Significa que populações mais pobres podem ficar desassistidas”, prosseguiu.

Para a parlamentar, as leis precisam ser cumpridas como o Código Florestal propõe e é necessário aliar sustentabilidade com desenvolvimento. “A Amazônia está ardendo, está em chamas, e a fumaça se deslocou para outros estados. O avanço da fumaça com as queimadas ilegais mostrou que não são só os moradores do Norte que sofrem com o desmatamento, todo o país será vítima da destruição de anos de conquistas que são nossas leis ambientais”, frisou.

A parlamentar acredita que é preciso agir rapidamente para que os prejuízos sejam reduzidos e denunciou que o aumento do desmatamento e das queimadas é, na maior parte dos casos, criminoso.

Perpétua defendeu as populações tradicionais que sofrem as consequências do desmatamento e perdem a terra para as multas, enquanto os grandes devastadores, aqueles que desmatam ilegalmente, são amparados por advogados e não pagam multa nenhuma.

Impassividade

“Até quando vamos assistir a morte da Amazônia de braços cruzados?”, questionou a deputada. Perpétua citou os dados alarmantes do Sistema de Alerta de Desmatamento que foram divulgados recentemente e mostraram que, na comparação de julho deste ano com julho de 2018, o desmatamento foi 66% maior. Para ela, uma das possíveis causas deste aumento é o incentivo que sai das falas do presidente Jair Bolsonaro.

A deputada acreana entende que é essencial uma proposta de desenvolvimento, de cidadania e de geração de renda por meio do uso sustentável da floresta. “A Amazônia peruana é do Peru, a Amazônia boliviana é da Bolívia, e a Amazônia brasileira é dos brasileiros! O Brasil precisa provar aos brasileiros que pode, sabe e quer cuidar da sua Amazônia”, concluiu.