Pós-graduandos denunciam governo Bolsonaro por corte de 4.500 bolsas 

A Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) repudiou a suspensão da oferta de cerca de 4.500 bolsas de estudo do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). As bolsas, classificadas de forma oportunista como “ociosas”, na verdade podem ser distribuídas entre estudantes de iniciação científica, mestrado e doutorado. O anúncio do corte foi feito nesta quinta-feira (15).

Cortes de bolsas

Segundo a ANPG, a crise se deve a “mais um resultado nefasto da política econômica do governo Bolsonaro, capitaneada por seu ministro da Economia, Paulo Guedes, que insiste no desmonte da ciência e tecnologia do País”. Guedes ainda não repassou o orçamento total do CNPq para 2019 – que já estava defasado. Esta é a razão pela qual o órgão não pode liberar bolsas “disponíveis para as universidades efetuarem a indicação de novos estudantes”.

A ANPG lembra que a gestão Bolsonaro/Guedes já havia reduzido consideravelmente o número de bolsas de estudo para a pós-graduação. Nos últimos três meses, a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) cortou mais de 6.500 bolsas. Conforme a ANPG, esses retrocessos evidenciam o “cenário de desmonte do Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia”, impedem “o cumprimento das metas estabelecidas no Plano Nacional de Pós-Graduação (2010/2020)” e inviabilizam “qualquer retomada de crescimento econômico no País”

“Os cortes desestruturam as principais políticas públicas para o fomento da ciência e tecnologia brasileira”, explica a ANPG, em seu site. “Não obstante, assim como anunciado desde o início do ano, o não repasse do crédito suplementar de R$ 330 milhões acarretará em não pagamento das bolsas vigentes, a partir de setembro, uma vez que o CNPq já utilizou 88% de sua verba total para o ano. Este descalabro afetará mais de 80 mil pesquisadores no Brasil, paralisando milhares de projetos e pesquisas importantes para o desenvolvimento nacional.”

A entidade máxima dos pós-graduandos brasileiros lembra que “não é possível pensar em um desenvolvimento nacional soberano sem investimento na ciência e, por conseguinte, no fortalecimento do CNPq. Fundada em 1951, a agência é um patrimônio do povo brasileiro e, hoje, é um dos principais vetores de fomento à pesquisa científica e tecnológica, assim como para incentivo à formação de pesquisadores brasileiros”.

A ANPG defende que o governo Bolsonaro “cumpra o acordo com o Congresso Nacional e repasse o crédito suplementar, que destina os recursos necessários para o cumprimento do orçamento de 2019 do CNPq. Além disso, é necessário e urgente a reversão total de todas as medidas austeras nos setores da educação e ciência e tecnologia”.

Para defender “a agência, a educação, a ciência e a tecnologia e do Brasil”, a ANPG afirma que “é necessário apoiarmos todas as iniciativas para pressionar o governo federal e o Congresso Nacional para recomposição do orçamento, como o abaixo assinado Somos Todos CNPq, e irmos às ruas no próximo dia 7 de setembro. O dia em que comemoramos a Independência do país também será um dia de resistência e de luta pelo Brasil e pelos brasileiros!”.

Com informações da ANPG