Juventude.br, a revista do CEMJ, põe em pauta o novo feminismo juvenil

Em tempos de retrocessos praticamente diários impostos pelo governo Jair Bolsonaro (PSL), a nova edição da Juventude.br apresenta um tema ousado: a emergência de um feminismo juvenil sem precedentes. De cara, a “revista de divulgação científica” do Centro de Estudos e Memória da Juventude (CEMJ) traz o editorial categórico: “Juventude e gênero: o poder jovem e feminista enfrenta Bolsonaro”, que é assinado pelos professores universitários Nilson Weisheimer e Mary Garcia Castro.

Por André Cintra

Juventude.br

“Na linha de frente das mobilizações contra Bolsonaro se destacam as jovens mulheres. Elas protagonizam a transformação da dor, provocada pela exploração capitalista, agravada pela opressão do patriarcalismo e a violência do machismo, em força rebelde e impulsionadora de um novo feminismo: emancipacionista, libertário e com projeto socialista”, afirmam Weisheimer e Mary no texto de apresentação de revista aos leitores.

Segundo eles, “a emergência dessa nova geração de feministas, muitas delas estudantes, negras, de distintas orientações sexuais e das periferias urbanas, provoca muito medo em Bolsonaro e sua turma. Por isso eles recorrem à desinformação, a mistificação e propagação de notícias falsas como formas de promoverem uma guerra moral contra o que classificam como ‘ideologia de gênero’”.

Para destrinchar o tema do feminismo juvenil, à luz do Brasil contemporâneo, esta Juventude.br traz um dossiê especial sobre o assunto. Um dos artigos, assinados por Mary Garcia Castro e Miriam Abramovay, remete às eleições presidenciais de 2018 e tem o provocativo título “Quarta onda ou um feminismo maremoto? Significados do ‘#ELENÃO’ nas ruas do Brasil”

O que sustentam as duas autoras nesse texto? Está lá: “Defendemos que combinação dialética entre múltiplas referências, disputas discursivas e a criação de frentes, unidade na crítica ao Estado neoliberal, que no Brasil se modela por governo neofacista, tendo a rua como ponto de encontro viria caracterizando mobilizações feministas de protesto, questionando a histórica codificação do feminismo como, movimento identitário e o destacando como força estruturante na defesa da democracia. Temos mais que ‘uma onda no ar’.”

Outro destaque da edição é uma entrevista com a líder estudantil baiana Marianna Dias, que acaba de deixar a presidência da UNE (União Nacional dos Estudantes). A certa altura, Juventude.br questiona: “Diante desse quadro, qual é o desafio da UNE o do movimento estudantil?”.

E Marianna responde, de forma segura e contundente: “Estar na vanguarda da resistência e conscientizar a sociedade brasileira dos perigos que estamos correndo quando não tratamos a educação como se deve. Assim como muitas vezes na história do Brasil, nós, jovens, podemos mobilizar e ser a fagulha a incendiar esse país contra as arbitrariedades cometidas pelo governo. Os últimos dias 15 e 30 de maio mostraram isso”.

Sobre “as jovens mulheres vieram para ficar na agenda pública”, a ex-presidente da UNE deixa outro exemplo: “O governo Lula e Dilma foi recheado de mulheres que ajudaram a formular políticas como o Minha Casa Minha Vida e o Bolsa Família, que entregam a casa e o dinheiro nas mãos das mulheres, chefes de família. Teve a carteira assinada para as domésticas, a lei do feminicídio, bem como políticas contra a violência da mulher que avançaram. Tivemos o Fies e ProUni que ajudaram jovens pobres, mães solteiras, mulheres negras a acessarem a universidade onde antes não tinham vez”.

A jornalista Sueli Scutti, assessora da União Brasileira de Mulheres (UBM), participa da edição com um ótimo artigo sobre os impactos da reforma da Previdência do governo Bolsonaro na vida das mulheres. “A Emenda à Constituição (PEC 6/2019) destrói a aposentadoria dos brasileiros, e massacra principalmente os mais pobres, os idosos, os trabalhadores rurais e, mais ainda, as mulheres. Os jovens nem terão esperança de se aposentar”, alerta Sueli.

A parte final do texto se abre a exemplos do que é possível fazer para impedir retrocessos que levem ao desmonte da Previdência Social e ao fim da aposentadoria. “Esta proposta está em debate na Câmara dos Deputados e depois irá para o Senado Federal. É hora de pressionar os parlamentares da sua região e do estado. É possível impedir essa ‘reforma’.”

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