ABI presta solidariedade a Glenn Greenwald

A noite desta terça-feira (30), teve algo de especial para Glenn Greenwald, do portal The Intercept Brasil. Responsável por deflagrar a Vaza-Jato e alvo recorrente de críticas do Presidente da República, o jornalista foi homenageado em ato promovido pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI).

ABI lotada para ouvir Glenn Greenwald - Arquivo pessoal de Caíque Tibiriçá

Nos últimos dias, Jair Bolsonaro intensificou seus ataques à Glenn Greenwald, e chegou a dizer que ele cometeu um crime. Diante das ameaças ao trabalho do profissional, milhares de pessoas e organizações civis compareceram ao evento para prestar sua solidariedade ao jornalista.

Quando Glenn chegou à ABI eram cerca de sete horas da noite. As galerias do auditório, completamente lotadas, romperam em aplausos e palavras de ordem. A agitação era tanta que centenas de pessoas precisaram acompanhar o ato no hall do prédio, no primeiro andar, através de um telão instalado em parceira com a Federação Única dos Petroleiros.

Além da FUP, outras entidades civis marcaram presença no evento. Em especial a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), representada pelo presidente da Comissão de Defesa do Estado Democrático de Direito da seccional do Rio de Janeiro, Luís Guilherme Vieira, assim como por Claudio Carneiro, presidente da Comissão de Direito à Educação da OAB-RJ.

Também se fizeram presentes a “Comissão de Juristas pela Liberdade de Imprensa”; “Associação de Juízes pela Democracia”; a “Associação Brasileira de Juristas pela Democracia”; “A Comissão Arns de Direitos Humanos”; o “Clube de Engenharia”, a “Federação Nacional dos Jornalistas” e muitos parlamentares de diversos partidos políticos. Artistas como Chico Buarque, Wagner Moura, Renata Sorrah, Zélia Duncan, Maria Gadú, Camila Pitanga e Marcelo D2 também compareceram ao evento.

Com a mesa devidamente organizada, o presidente da ABI fez um discurso de abertura, e em seguida passou a palavra aos colegas. A maioria das falas defendeu a integridade do jornalista, assim como o direito ao sigilo da fonte e ao livre exercício da profissão. Em uma das falas mais importantes da noite, Beth Costa, da Federação Nacional dos Jornalistas, relembrou que o Brasil ainda é um dos países mais perigosos no mundo para jornalistas.

Em consonância com sua argumentação, o ator Wagner Moura pediu a palavra e relembrou que “este ato de solidariedade ao Gleen é também para todos os jornalistas do país". Depois, pediu: "tenhamos solidariedade e empatia com aqueles preocupados com a justiça social”.

Muitos que falaram, como o deputado Marcelo Freixo, fizeram questão de enaltecer o artigo 5º da Constituição Federal, que trata dos direitos e deveres do cidadão, e estabelece que "é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional". O deputado psolista aproveitou a ocasião para cobrar do Ministro Sérgio Moro mais energia com relação ao caso envolvendo Flávio Bolsonaro e seu assessor Queiroz.

Já a deputada e líder da minoria na Câmara Jandira Feghali, uma das últimas falas da noite, ressaltou a importância do ato, e principalmente a atuação da ABI. Para deputada, a entidade volta a cumprir o seu papel democrático, principalmente por proteger jornalistas e a imprensa livre. Jandira, a exemplo de outros palestrantes, reafirmou que não iremos aceitar censuras, e que o escândalo envolvendo a operação lava-jato está apenas começando.