Sociedade vai mudar visão sobre “reforma” da Previdência, avalia Molon

O deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), líder da oposição na Câmara dos Deputados, diz que a oposição conseguiu fazer um debate qualificado e apresentar propostas que reduziram os impactos sociais mais cruéis do texto da "reforma" da Previdência Social.

Molon

Entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Molon afirmor também que algumas conquistas foram com outros partidos, mas a força da oposição foi importante para denunciar a crueldade daquelas medidas, que são (a mudança no pagamento do) BPC (benefício assistencial pago a idosos carentes e deficientes) e (na aposentadoria) rural, que foram excluídas na comissão especial.

Mas há outras vitórias que são da oposição mesmo, por exemplo, a retirada da capitalização (novo regime previdenciário, no qual cada trabalhador faz a própria poupança). Ela foi denunciada pela oposição, que conseguiu mostrar que seria o fim da Previdência Social.

"No plenário da Câmara, a gente conseguiu uma medida mais importante de todas, que é essa redução (do tempo mínimo de contribuição para que homens se aposentem) de 20 anos para 15 anos. Evidentemente que o placar foi largo. Criou-se, ao longo desses dois anos e meio, três anos de debate sobre o tema, um consenso no país sobre a necessidade de uma reforma. A oposição não questiona esta necessidade, o que nós procuramos discutir foi a qualidade", afirmou.

Segundo ele, a percepção de que a oposição está isolado se baseia na votação, mas quando se olha pela qualidade da participação no debate tem outro resiultado. "Essa mudança no acesso à aposentadoria [de homens]… Ontem (quinta-feira) o Piketty (Thomas Piketty, diretor da l´Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales) publicou um artigo no Valor Econômico sobre a reforma da Previdência brasileira. A primeira coisa que ele cita de mais grave foi esse aumento de 15 para 20 anos (no tempo mínimo de contribuição de homens). Ele é conhecido no mundo inteiro por estudar a desigualdade e disse que isso é o que mais iria agravá-la", destacou.

Ele lembrou que depois de três anos de campanha a favor da reforma, metade da população, segundo o Datafolha, é a favor e metade é contra. As pessoas estão convencidas de que tem que ter uma reforma da Previdência, e não esta. "Quando o povo brasileiro entender o que isso representa na vida das pessoas, essa margem vai mudar completamente", avalia.