Joaquim Nabuco e a embaixada do Brasil nos Estados Unidos 

 Por Júlio Vellozo*

Joaquim Nabuco

O posto em Washington tem uma larga história na diplomacia brasileira. Joaquim Nabuco ocupou-o depois de abandonar a sua oposição ao regime republicano. De lá promoveu um giro na política diplomática brasileira através das Conferências Panamericanas. Sua linha em relação aos Estados Unidos provocou um dos mais bonitos debates sobre o Brasil acontecidos na primeira metade do século XX. De um lado Nabuco, sustentando a prioridade para as relações com os EUA, de outro Oliveira Lima, defendendo a manutenção da prioridade para a Europa e a criação de uma aliança sul-americana; no meio Rio Branco, muito inteligente, incentivando a polêmica de seus dois subordinados brilhantes e buscando no meio termo a excelência.

Nabuco morreu como embaixador, vivendo em Washington. Quando assumiu o cargo carregava todo o prestígio granjeado como a principal figura pública da campanha abolicionista, que era internacional. Compareceram ao velório o presidente dos Estados Unidos, William Taft, o secretário de Estado, Philander Knox, juízes da Suprema Corte, senadores, deputados e damas da alta sociedade. O corpo diplomático de muitos países também – Nabuco era visto como um exemplo de erudição, elegância e inteligência por todos. Não sei se outro estrangeiro morto nos EUA havia recebido um tratamento de mesmo tipo.

Várias universidades, como Yale e Columbia, deram a Nabuco títulos de honoris causa nessa época. Ele foi o nosso primeiro intelectual respeitado internacionalmente.

É esse cargo, o posto de Joaquim Nabuco, que será ocupado por Eduardo Bolsonaro.