Mauricio Macri e a humilhação no Dia da Independência argentina

Mauricio Macri tem quase todas suas cartas à vista. Não restam distraídos no nosso país, confusos também não.

Por Débora Mabaires, para Desacato.info.

Macri Argentina - Foto: Pepe Mateos

Faz alguns dias, a celebração do Dia da Independência dos Estados Unidos encontrou alguns funcionários argentinos na embaixada desse país, como é habitual. O surpreendente é que dessa vez o embaixador Edward Prado tinha se fantasiado de caubói. Uma revelação inesperada porque os caubóis eram as pessoas contratadas para cuidar do gado lá pelo século XIX.

Os fazendeiros construíam uma casa em terras que pertenciam aos povos originários e depois contratavam pessoas para que exterminassem qualquer um que pretendesse caçar gado na área. Naquela época não existia o alambrado, os limites da “propriedade” do fazendeiro eram bastante instáveis…

Por isso não surpreende que se divulgasse a foto onde se vê fantasiados de caubói a ministra da Segurança, Patricia Bullrich, e seu marido, Guillermo Yanco, um operador de interesses israelenses e estadunidenses no nosso país.

Apenas 3 dias depois, a ministra apareceu nas fotos de novo, dessa vez, durante o desfile militar com o qual o presidente Mauricio Macri disse querer celebrar nossa independência. Porém, a “celebração” aconteceu na Avenida Do Libertador, frente à residência do embaixador dos Estados Unidos e a escassos metros da embaixada da Grã-Bretanha, o que muda a conotação do ato.

Foi Mauricio Macri quem assinou em 2016, junto ao então presidente Barack Obama, o acordo através do qual submetia as tropas argentinas a serem ajudantes das tropas do Comando Sul dos Estados Unidos. Para que não passasse pelo Congresso, esse acordo foi assinado sob os termos de “cooperação” entre ambos países.

Também não é um segredo que na província de Misiones, em terras na fronteira com o Brasil e o Paraguai, se encontram faz 10 dias, efetivos militares estadunidenses que ingressaram em nosso país sem autorização do Congresso nacional. Ou seja, a sua presença em nosso território é ilegal. Essas tropas estão realizando, teoricamente, exercícios militares. Ninguém tem certeza, porque não existe autorização de desembarque, nem um roteiro com as suas atividades, nem que elementos de guerra ou espionagem podem estar utilizando. Só sabemos que não são turistas.

Os únicos que parecem não estarem por dentro dessa presença militar estrangeira são os legisladores da Comissão de Defesa do Congresso, o Poder Judiciário argentino e o governo de Misiones, cuja conveniente cegueira expõe o desamparo, não só na Argentina, mas também no Paraguai e o Brasil.

No Dia do Exército, no passado 29 de maio, o presidente Macri insistiu em dar para o Exército o papel de guardião da segurança interior, algo proibido por nossas leis, mas em total coincidência com os acordos de “cooperação” firmados por ele com o governo dos Estados Unidos.

O ato liderado por Mauricio Macri, seu chefe de gabinete Marcos Peña Braun e a ministra da Segurança Patricia Bullrich não foi um ato de celebração da independência de nosso país.

Foi um ato de humilhação as nossas Forças Armadas, que desfilaram igual como o fazem os exércitos rendidos diante o chefe dos invasores.

Como faz um ano, quando assinou o acordo com o Fundo Monetário Internacional no Dia da Bandeira, este novo ato simbólico realizado no Dia da Independência representa, em definitivo, a rendição total da nação.