Jogadora da seleção dos EUA acusa Trump de bullying

O presidente dos Estados Unidos odeia a minha namorada, diz Sue Bird, que defende Megan Rapinoe de bullying.

Ana França – Tribuna Expresso, Portugal

Megan Rapinoe

Megan Rapinoe, a  atacante da seleção de futebol feminino dos Estados Unidos, já disse que não ia à Casa Branca se vencer, no domingo, o campeonato do mundo de futebol feminino – e até utilizou linguagem menos própria para o dizer. Já pediu desculpa à mãe por isso mas não retira as palavras. O presidente já a criticou por isso, uma atitude que segue a longa linha de críticas a atletas que não concordam com as suas políticas. A namorada de Rapinoe, Sue Bird, não ficou calada e assinou um texto para lá de ácido sobre a postura de Donald Trump

A pergunta foi simples, a resposta também mas com bolinha vermelha no canto superior direito: “Está entusiasmada por ir à Casa Branca?”, perguntou o jornalista. “Eu não vou à merda da Casa Branca”, respondeu a capitã da equipa de futebol feminino norte-americana, Megan Rapinoe.

O presidente respondeu a Rapinoe num tom severo: “A Megan devia ganhar primeiro e só depois falar”, escreveu no Twitter, acrescentando que a jogadora não devia “desrespeitar nem o país, nem a Casa Branca, nem a bandeira", muito menos quando "tanto foi feito por ela e pela equipa".

A namorada de Rapinoe, Sue Bird, tomou as suas dores e, terça-feira, assinou um texto crítico de Donald Trump também com bolinha vermelha onde perguntava ao presidente dos Estados Unidos o seguinte: “A sério que não tem nada mais importante que possa requerer a sua atenção?”. A julgar pelo que já tinha acontecido com Colin Kaepernick, ex-jogador da Liga de Futebol Norte-americano (NFL) duramente criticado por Trump por “ofender a bandeira e o país” ao ajoelhar-se durante o hino em protesto contra o racismo, o presidente leva de facto muito a sério estas questões.

Rapinoe, em 2016, fez exatamente o mesmo gesto em solidariedade com Kaepernick e deixou entrar a política na arena do desporto – um comportamento que o presidente não tem fama de saber perdoar. Pouco preocupada com isso, a intervenção política da atacante vem de longe: medalha de ouro nos Olímpicos de 2012 e membro da equipa que venceu o campeonato do mundo de 2015, Rapinoe sempre utilizou a sua fama para expor os temas que considera importantes – discriminação das mulheres nos salários, direitos das minorias étnicas e da comunidade gay estão entre as suas bandeiras.

No texto para a The Players Tribune, onde assina com frequência, a sua namorada, que também é jogadora nos Seattle Storm, começa por elogiar Rapinoe e tudo o que a equipa fez pelo perfil público do futebol feminino no geral, mas logo a seguir apresenta uma questão que “toda a gente quer ver respondida”: “Como é que é ter literalmente o presidente dos Estados Unidos a dar uma de rapaz adolescente com a tua namorada?”, pergunta. “Bom, é estranho. E posso dizer que tive uma reação bastante normal a tudo isto: a de me passar um bocadinho da cabeça”, escreveu Bird.

O problema é que, enquanto algumas das reações às críticas de Megan Rapinoe à Casa Branca “até dão para rir”, há uma parte “bastante assustadora” que vai além dos tweets de Trump. “De repente temos todos estes apoiantes do ‘Make America Great Again’ a comentar com ofensas cada menção do nosso nome. E há páginas na internet a publicar coisas horríveis sobre esta pessoa que eu adoro. Há programas exclusivamente dedicados a criticar a Megan a serem emitidos na Fox News. É uma experiência surreal”, escreveu Bird, também ela jogadora de futebol nos Seattle Storm.

Rapinoe, porém, segue o seu caminho sem grandes considerações aos críticos: “É impossível derrotar esta miúda”, escreveu Bird.