Deltan tentou perseguir Jaques Wagner em 2018, apontam mensagens

Mesmo sem elementos que justificassem uma operação contra Jaques Wagner (PT), o procurador Deltan Dallagnol demonstrou, em diálogos com colegas da Lava Jato, que queria acelerar ações contra o ex-governador. A troca de mensagens ocorreu em 24 outubro de 2018, semanas depois de Wagner ter sido eleito senador pela Bahia.

Deltan

Conforme informou neste sábado (29) a colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, Deltan pressionava os demais procuradores para viabilizar uma busca e apreensão sobre o petista “por questão simbólica”. Os diálogos estão em arquivo obtido pelo site The Intercept Brasil. No dia em que ocorreram, o juiz Sergio Moro já era cotado para virar ministro de Jair Bolsonaro – que disputava com Fernando Haddad (PT-SP) o segundo turno das eleições presidenciais.

Em uma das conversas, Deltan pergunta: “Caros, Jaques Wagner evoluiu? É agora ou nunca… Temos alguma chance?”. Um procurador identificado como Athayde responde: “As primeiras quebras em face dele não foram deferidas”. Mas novos fatos surgiram e eles iriam “pedir reconsideração”.

“Isso é urgentíssimo. Tipo agora ou nunca kkkkk”, escreve Deltan. Athayde diz que “isso não impactará o foro”. Deltan responde: “Não impactará, mas só podemos fazer BAs [operações de busca e apreensão] nele antes [da posse]”. Uma procuradora ainda pondera que o petista já sofrera uma busca: “Nem sei se vale outra”.

Deltan responde: “Acho que se tivermos coisa pra denúncia, vale outra BA até, por questão simbólica”. E completa: “Mas temos que ter um caso forte”. Athayde informa que seria “mais fácil” Wagner aparecer “forte” em outro caso, e Deltan finaliza: “Isso seria bom demais”.

Por meio de nota, a Lava Jato não negou o teor das conversas – apenas se limitou a dizer que “o material não permite constatar o contexto e a veracidade do conteúdo”. Mas o PT já avalia uma convocação de Deltan ao Congresso. “Minha solidariedade ao senador Jaques Wagner diante da trama sórdida orquestrada por um procurador-militante que certamente terá que se explicar no Senado agora. Não adianta falar em hacker!”, tuitou o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS).

Para o governador Rui Costa (PT-BA), a manobra de Deltan é “tão perversa quanto a ditadura”. Segundo ele, “a sociedade apoia investigação séria para combater a corrupção mas não apoia um judiciário e um MP em formato de partido político com feições nazistas numa perseguição cruel aos seus adversários por ‘questão simbólica’. Indignação!”.

Da Redação, com informações da Folha de S.Paulo