Na OIT, presidente da Força Sindical denuncia reforma da Previdência

Uma delegação de representantes dos trabalhadores brasileiros, liderados pelas Centrais Sindicais, levou à 108ª Conferência Internacional do Trabalho da OIT, em Genebra, um alerta sobre os frequentes ataques que a classe trabalhadora brasileira vem sofrendo. 

Por Hora do Povo

Miguel Torres

Miguel Torres, presidente da Força Sindical, representou as Centrais na Conferência. Foto: CNTM

O presidente da Força Sindical e dirigente metalúrgico Miguel Torres, falou em nome dos trabalhadores brasileiros e denunciou a draconiana proposta do governo Bolsonaro de reforma da Previdência, a retirada de direitos com a reforma trabalhista, a tentativa do governo de acabar com a estrutura sindical e as frequentes violações de normas internacionais do trabalho.

“A proposta de reforma da Previdência, que tramita no Congresso Nacional, uma vez mais busca penalizar a maioria da população mais pobre e os trabalhadores, em beneficio do setor financeiro internacional e grandes conglomerados empresariais que ainda insistem em ganhar dinheiro rápido e fácil, sem importar-lhes as graves consequências de suas políticas para a população e o desastre político, econômico e social para o nosso país”, disse.

Sobre a reforma trabalhista, aprovada sem o debate necessário com os trabalhadores, Miguel Torres afirmou que ela “tirou direitos e conquistas, precarizou o trabalho e aumentou o desemprego (hoje temos mais de 13 milhões de desempregados), aumentou a informalidade e a pobreza em nosso país”.

“A organização sindical, os direitos sociais e as conquistas dos trabalhadores têm sofrido ataques sistemáticos”, alertou o dirigente sindical.

Ao saudar a bancada dos trabalhadores brasileiros representados na Conferência pelas centrais Força Sindical, CTB, CUT, UGT, NCST e CSB, o sindicalista alertou para o “difícil momento vivido pelo nosso país para os trabalhadores, para a sociedade, para a democracia e para a organização sindical”.

Falando sobre a medida provisória 873, que impede o desconto em folha salarial da contribuição sindical, ele denunciou que “é uma tentativa do governo brasileiro, e alguns setores empresarias, de acabar e enfraquecer a organização sindical e a negociação coletiva, numa clara política aberta de perseguição ideológica contra a organização sindical”, disse. “É atitude desesperada de tentar enfraquecer e eventualmente acabar com a organização sindical e a negociação coletiva”.

“O governo vem desenvolvendo toda uma política de desmonte da participação dos trabalhadores e das entidades representativas da sociedade nos Conselhos importantes de debate e fiscalização das políticas públicas”, afirmou, ao denunciar, por exemplo, a extinção do Conselho Nacional do Trabalho, do Ministério do Trabalho e do Conselho contra o Trabalho Escravo.

Em seu discurso, Miguel Torres destacou a unidade das centrais sindicais e dos movimentos sociais brasileiros contra o atual governo e o êxito da Greve Geral de 14 de junho contra o desmonte da Previdência.

“As centrais sindicais brasileiras estão unidades na resistência e na luta, junto com os movimentos sociais, para impedir a retirada de direitos e os retrocessos em nosso país”.

A Conferência, que é o órgão supremo da OIT, reúne centenas de personalidades do universo trabalhista, entre lideranças sindicais, ministros, secretários e políticos de vários países, que analisam a situação e temas relacionados com o mundo do trabalho.