Moro admite deixar cargo caso todos os vazamentos sejam apresentados

Questionado pelo senador Jaques Wagner (PT-BA) sobre se não “seria de bom tom” se afastar do cargo para permitir que a Polícia Federal (PF) aja com absoluta tranquilidade, o ministro da Justiça, Sergio Moro, respondeu não ter apego ao cargo e admitiu que pode deixá-lo.

Por Iram Alfaia

Jaques Wagner (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)

“Apresente tudo. Vamos submeter isso, então, ao escrutínio público. E, se houver ali irregularidade da minha parte, eu saio, mas não houve. Por quê? Porque eu sempre agi com base na lei e de maneira imparcial”, disse o ministro após cinco horas de depoimento na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado nesta quarta-feira (19).

“Agora, a minha sugestão: cobrem do veículo, do site a apresentação integral de tudo”, sugeriu Moro ao senador.

O ministro insistiu na tese de que as conversas entre ele e o procurador Deltan Dallagnol podem ter sido adulteradas e são divulgadas com sensacionalismo pelo site Intercept Brasil.

O ex-governador baiano questionou o ministro sobre uma demissão no caso da evolução dos fatos e novas revelações que mostrem o relacionamento pouco republicano entre o então juiz e os procuradores.

“Vossa Excelência pensa na hipótese de pedir renúncia do cargo ou afastamento para não interferir no julgamento? Porque, se foi aberta uma investigação pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça) ou pelo Supremo Tribunal Federal, será a Polícia Federal que terá que fazê- lá, e não vai me parecer razoável que aquele que passará a ser investigado continue comandando a Polícia Judiciária Federal”, questionou Jaques Wagner.

Moro afirmou que sem a “construção de interpretações que não correspondem, minimamente, ao texto, vai poder se verificar de todo que a atuação foi absolutamente íntegra". Diz ele estar absolutamente convicto em relação a isso.